Tecnologia

Signal avança com críticas de funcionários e desafio ao Facebook

O crescimento meteórico colocou uma enorme pressão sobre os cerca de 30 funcionários do Signal, a maioria engenheiros, designers de produtos e desenvolvedores

BERLIN, GERMANY - JANUARY 10: The logo of the messenger app Signal is pictured on the display of an iphone on January 10, 2021 in Berlin, Germany. (Photo by Florian Gaertner/Photothek via Getty Images) (Florian Gaertner/Phototek/Getty Images)

BERLIN, GERMANY - JANUARY 10: The logo of the messenger app Signal is pictured on the display of an iphone on January 10, 2021 in Berlin, Germany. (Photo by Florian Gaertner/Photothek via Getty Images) (Florian Gaertner/Phototek/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 31 de maio de 2021 às 10h50.

Última atualização em 31 de maio de 2021 às 12h52.

A empresa de mensagens criptografadas Signal há muito tempo é popular entre ativistas, jornalistas investigativos, políticos e autoridades policiais devido à sua ênfase na privacidade e segurança. O crescimento da empresa era constante, mas lento.

Então, após a pausa das festas de fim de ano, os funcionários do Signal tiveram que administrar um aumento inesperado de novos usuários que sobrecarregou os servidores da empresa, e engenheiros tiveram que correr para aumentar a capacidade.

O catalisador foi uma reação contra o WhatsApp, que anunciou uma atualização de sua política de privacidade que incluía compartilhar alguns detalhes das contas de usuários com seu controlador, o Facebook. Mais de 2 bilhões de usuários deixaram o aplicativo. O CEO da Tesla, Elon Musk, ajudou a puxar o êxodo, incentivando seu exército de seguidores no Twitter a “usar o Signal”.

De repente, um aplicativo de nicho endossado por Edward Snowden, denunciante da Agência de Segurança Nacional, foi invadido por novos usuários: mais de 50 milhões de pessoas fizeram o download em 10 dias, dobrando a base total de usuários do Signal e tornando-o o aplicativo mais baixado em 70 países, de acordo com vários funcionários atuais e ex-empregados. O crescimento meteórico colocou uma enorme pressão sobre os cerca de 30 funcionários do Signal, a maioria engenheiros, designers de produtos e desenvolvedores que trabalham remotamente de suas casas nos Estados Unidos e Canadá.

O dilúvio também expôs tensões sobre a direção e gestão do Signal sob seu fundador não convencional e diretor-presidente, Moxie Marlinspike, cujos interesses variados incluem punk rock, iatismo e anarquismo. Alguns funcionários pediram demissão no ano passado, deixando algumas equipes de engenharia com falta de pessoal. Outros reclamaram da supervisão de Marlinspike, do uso crescente do Signal por grupos extremistas e de um novo recurso de criptomoedas que, segundo eles, poderia ser usado para comportamento criminoso.

Funcionários atuais e ex-funcionários, que pediram para não serem identificados, descrevem Marlinspike como um gênio, mas um chefe teimoso que tem resistido a aumentar a pequena equipe do Signal. Ele manteve por muito tempo um “controle mortal” sobre o código e os servidores subjacentes do Signal, disse um ex-funcionário. Esse controle às vezes causava frustração interna, disseram vários empregados atuais e ex-funcionários. Mas, nos últimos meses, gradualmente abandonou seu controle rígido sobre a infraestrutura da empresa, confiando a outros executivos e funcionários a capacidade de modificar o código e acessar servidores e chaves de criptografia bem protegidos, de acordo com dois funcionários atuais.

Os problemas do Signal não são diferentes de outras empresas de tecnologia que enfrentam os desafios do crescimento rápido. Google e Facebook, entre outros, enfrentaram divergências internas à medida que as empresas passaram de startups fragmentadas e idealistas a gigantes da tecnologia.

Mas o Signal é diferente de várias maneiras significativas: é uma organização sem fins lucrativos que depende de contribuições para financiar suas operações e é administrada por um fundador que demonstrou pouco interesse nas recompensas tradicionais do sucesso corporativo. Uma organização sem fins lucrativos dirigida por um ex-anarquista pode representar um sério desafio para as chamadas Big Tech?

O Signal pode se beneficiar de “pessoas que procuram alternativas mais viáveis ​​e virtuosas”, disse Dan Blah, cofundador da Reset e do Open Technology Fund, organizações que apoiam financeiramente projetos de tecnologia que promovam os direitos humanos e a democracia. Em sua função no Open Technology Fund, Blah ajudou a fornecer cerca de US$ 3 milhões em financiamento para que Marlinspike desenvolvesse o Signal.

Blah disse que a questão é se o Signal pode enfrentar o desafio.“Eles não terão falta de oportunidade para crescer”, disse. “Mas, do ponto de vista da sustentabilidade, podem atender a esse crescimento? No mercado atual e nas realidades políticas, é uma incógnita.”

Em entrevistas por telefone e via mensagens de texto - pelo Signal, claro -, Marlinspike rejeitou as críticas ao seu estilo de liderança e disse que não refletiam a opinião de todos na empresa. Também defendeu o tamanho da equipe. “Não acho que seja melhor, necessário ou inevitável que todas as organizações de tecnologia tenham várias centenas ou milhares de pessoas nas operações”, disse.

Ele também lançou um ataque contra o Facebook, dizendo que muitas pessoas estão cada vez mais insatisfeitas com as políticas de privacidade da plataforma - e com outras gigantes da tecnologia. Consequentemente, disse que não está totalmente surpreso com o rápido aumento de novos usuários do Signal.

O Facebook não quis comentar as declarações de Marlinspike.

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