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Seu futuro sapato poderá ser feito com fibra de coco

Cientistas estão preocupados com a questão ambiental do setor calçadista e já buscam alternativas


	Água de coco: segundo Célia, bacharel em têxtil e moda, a decomposição do coco verde gasta em torno de 10 a 12 anos na natureza
 (Rajaram R / Stock Xchng)

Água de coco: segundo Célia, bacharel em têxtil e moda, a decomposição do coco verde gasta em torno de 10 a 12 anos na natureza (Rajaram R / Stock Xchng)

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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2014 às 20h43.

Nem todo mundo sabe, mas os sapatos também agridem – e muito – o meio ambiente. O setor calçadista é muito poluente e a questão ambiental costuma ser deixada de lado pelos designers e fabricantes.

Cientistas estão preocupados com isso e já buscam alternativas. No futuro, por exemplo, seu sapato poderá ser feito com fibra de coco.

O consumo de água de coco no Brasil é intenso e, apesar de ter potencial para ser reutilizado, seu descarte indevido gera problemas ambientais.

Além de poluir o ar, seus restos podem virar foco de animais e parasitas, quando descartados de forma irregular. Uma forma de reutilizar esse material e ainda ajudar o setor calçadista é usar a fibra do coco no solado dos sapatos.

A ideia é de Célia Regina da Costa, bacharel em têxtil e moda pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. “Como a fibra usada é oriunda do descarte do produto após o consumo da água do coco, a matéria-prima não é retirada direto de fontes como florestas, o que causaria o desmatamento”, disse a INFO.

Para provar que seu projeto é viável, Célia analisou em seu mestrado a história do setor calçadista, a anatomia do pé, os tipos de sapatos usados pela humanidade, entre outros fatores. Um estudo aprofundado da fibra vegetal (fibra do coco verde) permitiu que Célia criasse um sistema para separar as fibras do coco verde e depois empregasse o material na fabricação de um solado de sapato.

A fabricação desse solado começa na coleta nos postos de vendas de água de coco. Os cocos são abertos e a parte externa (onde estão as fibras) é separada da interna (onde fica a parte comestível).

As partes com a fibra são colocadas em tanques de água por alguns dias. Depois, passam por uma máquina específica para uma melhor separação das fibras, que são lavadas em água para a remoção das impurezas.


Depois de secas, as fibras são misturadas com uma resina. Essa “mistura” vai, então, para a forma do solado que se deseja fabricar e deve secar a temperatura ambiente. O resultado é um solado de fibra de coco que pode reduzir a quantidade de matéria-prima usada nos sapatos e que causa danos ao planeta.

“Também colaboramos com a redução e a diminuição do lixo gerado pelo comércio da água de coco e a aglomeração e proliferação de animais como os roedores”, disse.

Segundo Célia, a decomposição do coco verde gasta em torno de 10 a 12 anos na natureza. Além disso, as cascas do coco verde são de origem orgânica, logo, sofrem um processo de decomposição pela ação de micro-organismos. Esse processo gera o gás metano (CH4), que contribui para o efeito estufa.

Mas os benefícios não se restringem apenas ao meio ambiente. Dar um uso ao coco verde descartado também pode gerar oportunidades no mercado de trabalho e fonte de renda para a sociedade local, como nas beiras de regiões praieiras.

“A população pode se envolver na coleta e seleção ou até mesmo na elaboração das fibras e produção das partes do calçado feitas com a fibra do coco verde”, afirmou.

A técnica também evita a poluição visual e ajuda a reeducar a população a dar um melhor descarte ao coco verde. “As pessoas pensam melhor na hora do descarte desse tipo de lixo orgânico quando sabem que ele pode ter um uso específico”, disse.

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