A SAP gastou mais de US$ 12 bilhões em aquisições de empresas desde 2010 (Ralph Orlowski/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 2 de agosto de 2013 às 14h47.
Londres - A SAP AG, a fabricante alemã de software financeiro e de logística criada há 41 anos, tem sido lenta para adotar a computação em nuvem e vem lutando há anos para alcançar seus concorrentes nos Estados Unidos, como a Oracle Corp. e a Salesforce.com Inc.
Entre outras coisas, a empresa dividiu alguns de seus engenheiros mais brilhantes em equipes iniciantes distantes de sua matriz. Enquanto espera que eles gerem novos produtos, a companhia se concentra no plano B -- ir às compras.
Ao mesmo tempo que tenta atualizar seu software antigo confinado a servidores e passar parte de seus 230.000 clientes corporativos para os serviços de assinatura baseados em nuvem, a SAP gastou mais de US$ 12 bilhões em aquisições de empresas no Vale do Silício, na Califórnia, desde 2010.
No ano passado, ela comprou a empresa Ariba Inc., especializada em adjudicação de contratos, com sede em Sunnyvale, por US$ 4,3 bilhões, além da fabricante de software em nuvem Success Factors Inc., com sede em San Mateo, por US$ 3,3 bilhões.
Nos últimos meses, ela estudou acordos com empresas como a Jive Software Inc., de Palo Alto, que vende programas de colaboração empresarial, segundo duas fontes cientes dos planos da SAP, que não foram autorizadas a falar publicamente do assunto. SAP e Jive preferiram não comentar.
As negociações da SAP tem sido direcionadas pelo apetite da empresa em migrar para a nuvem. O codiretor-executivo Bill McDermott, americano que se tornará o único CEO da empresa no ano que vem, e o co-CEO Jim Hagemann Snabe, dinamarquês, prometeram um novo foco em desenvolvimento e aquisições quando assumiram o controle em 2010.
“Nós teremos a nuvem de melhor performance no mundo”, disse McDermott em 21 de julho em uma teleconferência.
Investimento em inovação
O braço especulativo da empresa com sede em Palo Alto está investindo também mais de US$ 700 milhões em inovação tecnológica. O cofundador e presidente Hasso Plattner é o maior acionista do time de hóquei San José Sharks -- cujo estádio mudou de nome de HP Pavilion para SAP Center em 9 de julho -- e deu mais de US$ 35 milhões à Universidade de Stanford.
“Eles realmente foram com tudo e apostaram alto no Vale do Silício”, disse Simon Pearson, conselheiro de negócios em tecnologia da Ernst Young.
O negócio de US$ 6,8 bilhões da companhia, em 2007, com a fabricante de software de análise de dados francesa Business Objects SA deu o direcionamento e os investidores confiam que a SAP possa fazer grandes aquisições para pegar atalhos em relação a desenvolvimento, disse Ray Wang, analista na Constellation Research Inc.
“Aquilo foi uma mudança de rumo em sua forma de pensar”, disse Wang. “Eles nunca chegariam onde estão sem o Business Objects”.
O primeiro grande acordo de McDermott e Snabe no Vale do Silício veio em 2010 com a incorporação da fabricante de banco de dados Sybase Inc., por US$ 5,8 bilhões.
A SAP está contando com uma integração mais suave de suas aquisições enquanto briga com Oracle, Salesforce, Microsoft Corp. e International Business Machines Corp. Em junho, a Oracle anunciou acordos com a Microsoft e a Salesforce para tornar seus produtos mais compatíveis.
Contra a vantagem de seus rivais, que jogam em casa, a SAP tem poucas chances, a menos que siga buscando aquisições, disse Patrik Karrberg, que faz pesquisas sobre inovação na London School of Economics. O histórico recente da SAP, que vem anunciando grandes negócios a cada 12 ou 18 meses, sugere que é provável que a empresa faça algum novo anúncio até o final do ano.
“As empresas europeias precisam adquirir a si mesmas para o show”, disse Karrberg.