Galaxy Tab 10.1, com Android: a compra da Motorola pelo Google teria convencido a Samsung a investir em mais um plano B (Divulgação)
Maurício Grego
Publicado em 24 de agosto de 2011 às 17h00.
São Paulo — A Samsung está se juntando a outros fabricantes coreanos para desenvolver um sistema operacional para smartphones alternativo ao Android. Quem diz isso é o ministro de inteligência econômica da Coreia do Sul, Kim Jae-Hong, numa declaração divulgada pela agência de notícias coreana Yonhap. Segundo Jae-Hong, a Samsung, inicialmente, não se interessou pela proposta, mas mudou de ideia depois que o Google divulgou que está comprando a Motorola.
O governo coreano, que lidera a iniciativa, pretende lançar o projeto do novo sistema operacional até o fim do ano. Jae-Hong dá a entender que a LG também poderá fazer parte do consórcio. A Samsung é a segunda maior fabricante de celulares do mundo, com 16% de participação no mercado. A LG é a terceira, com 6%, segundo o Gartner Group. Juntas, elas teriam porte suficiente para popularizar o novo sistema – isso se conseguirem administrar a histórica rivalidade entre elas.
Até agora, não houve nenhum comunicado oficial dessas empresas sobre isso. E, como mostra a história da fabricação do iPad no Brasil, declarações de políticos nem sempre se realizam. Mas é bom observar que a Samsung, um dos principais fabricantes de aparelhos com o sistema Android, do Google, enfrenta uma briga duríssima contra a Apple.
O processo da Apple
A turma da maçã acusa a empresa coreana de copiar o iPad e o iPhone. A Samsung amarga derrotas importantes nos tribunais europeus. E, até agora, o Google parece ter se mantido quieto, sem oferecer apoio significativo à sua parceira. A isso, junta-se o temor de que o verdadeiro plano do Google para a Motorola seja tornar-se uma nova Apple, assumindo uma posição de destaque como fornecedor de smartphones e tablets.
Nesse cenário, a Samsung tem razões de sobra para evitar colocar todos os seus ovos na cesta do Android. Mas o fato é que ela já tem outras alternativas. A empresa coreana fabrica smartphones de baixo custo com seu próprio sistema Bada e também tem modelos com o Windows Phone, da Microsoft. No passado, ela já licenciou o Symbian, da Nokia, e o LiMO, uma variante do sistema Linux para dispositivos móveis. E houve até notícias dizendo que ela estaria interessada no WebOS, da HP.
A Inq adota o Windows Phone
Por enquanto, nenhum fabricante importante deu sinais de que pretende reduzir seus investimentos no Android. Mas há pelo menos uma empresa de menor porte, a britânica Inq, que já declarou que pode abandonar o sistema do Google. Numa entrevista ao site GigaOm, Frank Meehan, presidente da Inq, disse que o custo do Android cresce à medida que empresas detentoras de patentes passam a cobrar royalties pelas tecnologias existentes nele.
Por ser o sistema operacional mais usado em smartphones, o Android é o alvo número um dos processos por violação de propriedade intelectual. Hoje, a Inq só vende smartphones com Android. Mas seu próximo modelo poderá usar o Windows Phone. “A vantagem é que, no Windows Phone, os problemas legais e os custos resultantes deles parecem ser menores”, diz Meehan.