robotica (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2014 às 16h41.
A robótica pode ser usada para despertar o interesse dos estudantes para a área de exatas, segundo os organizadores do 1º Festival Internacional de Robótica, que terminou hoje (4) em Belo Horizonte. O evento, das companhias Lego e First, ocorreu simultaneamente à Olimpíada do Conhecimento e foi voltado para jovens de 9 a 15 anos.
"É uma forma lúdica de aprendizado. Um dos grandes desafios da educação é o estímulo", diz o gerente executivo de Educação Básica e Cultura do Serviço Social da Indústria (Sesi), Henrique Pinto dos Santos, destacando que é dos 8 aos 10 anos que é feita uma escolha, mesmo que inconsciente, de seguir pela área das exatas. "O objetivo [do festival] é levar esses meninos e meninas a se interessar por matemática, física, transformarem-se em engenheiros e pesquisadores. Brincando, a gente aprende".
Há alguns anos, o Brasil enfrenta dificuldades em despertar o interesse de jovens para a área de exatas, especialmente as engenharias. O número total de matrículas nas engenharias representa 56% da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): 44,5 para cada 10 mil habitantes no Brasil e 78,5 em média para cada 10 mil habitantes nos países da OCDE.
"Muitos jovens pensam que a única maneira de se tornar um herói é ir para o basquete ou Hollywood, fazer filmes ou música, mas precisamos que pessoas jovens se interessem por ciência, tecnologia e que entendam que têm as mesmas oportunidades de ter uma vida próspera se se tornarem heróis nas empresas", explica o gerente internacional da Lego Education, Gerhard Bjerrum-Andersen.
No festival, a alegria e os mais variados chapéus, que identificavam as equipes e os gritos da torcida eram contagiantes. Os robôs eram todos feitos na plataforma Lego Mindstorms, que permite montar e desenvolver softwares de forma simplificada. Na competição, as equipes receberam um problema, que neste ano, sob o tema Fúria da Natureza, foram os desastres naturais. Eles tiveram que pesquisar, buscar soluções, aplicar fórmulas e números para fazer um robô funcionar.
No entanto, para além da parte prática, tiveram que aprender a trabalhar em equipe e a se ajudar. Todas essas etapas contaram ponto, inclusive a integração da equipe. "É uma competição diferente, não há uma rivalidade entre as equipes", diz a estudante Giovana Saraiva, do grupo Legosos e Furiosos, de Uberlândia (MG). O grupo foi o vencedor do festival.
O espírito de equipe foi tão grande, que durante as pesquisas para a competição eles extrapolaram o próprio grupo e passaram a ajudar comunidades atingidas por deslizamentos de encostas, assunto trabalhado por eles. "Eles começaram a estudar e desenvolveram mais do que se esperava", diz o mentor da equipe, Wesley Costa.
Participaram da competição 210 estudantes organizados em 23 equipes. Além do Brasil, participaram Chile, Estados Unidos, Estônia, Canadá e Áustria.
A equipe chilena Mainstream, que recebeu o primeiro lugar no critério valores - integração e espírito de equipe - usou a própria experiência do terremoto que ocorreu no país em 2010 para desenvolver o projeto. "Pensamos em construir refúgios com geração de energia e que possibilitassem a comunicação. A falta de comunicação, luz e água foram as maiores causas do pânico vivido pelas pessoas", diz o treinador Jorge Soto.
Segundo Soto, a formação em robótica apenas recentemente começou a ser desenvolvida no país. Na cidade de Talca, no sul chileno, ele teve que aprender por conta própria e passar para os alunos, que, segundo ele, já o superaram. "Somos uma equipe de autodidatas".
O integrante da equipe chilena Celso Acevedo diz que a experiência no Brasil foi "muy hermosa", e que ele deve às competições a oportunidade de conhecer o mundo. Sobre a importância dos valores, pelos quais conquistaram o primeiro lugar, ele diz: "Se o outro está bem, eu estou bem".
* A repórter viajou a convite do Senai
Editor Fábio Massalli