Robô: o avanço também é visto como uma oportunidade para os países do chamado terceiro mundo (Thinkstock/muratsenel/Thinkstock)
EFE
Publicado em 8 de novembro de 2016 às 14h09.
Genebra - O aumento do uso de robôs nos países ricos poderia ameaçar dois terços dos postos de trabalho nos países em desenvolvimento e facilitar uma "relocalização" de fábricas em direção às nações industrializadas, indicou um relatório divulgado nesta terça-feira pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).
"Um maior uso de robôs nos países desenvolvidos pode erodir a tradicional vantagem dos países em desenvolvimento em matéria de custos trabalhistas", aponta o documento.
Os efeitos do avanço da robótica na fabricação poderiam ser mais "significativos" nos países em desenvolvimento porque afetariam os postos de trabalho pouco qualificados, muitos dos quais já "desapareceram" nos países desenvolvidos, completa o texto, citando o Relatório do Desenvolvimento do Banco Mundial de 2016.
Por outro lado, o avanço da robótica também é visto como uma oportunidade para os países do chamado terceiro mundo já que, por exemplo, a combinação de impressoras 3Ds e robôs poderia facilitar a fabricação em grande escala nas pequenas empresas.
Os robôs industriais são usados especialmente nas indústrias automobilística, elétrica e eletrônica, segundo a Unctad, o que significa que os países em desenvolvimento - como o México e muitos da Ásia - que participam de atividades de exportação nesses dois setores estão mais expostos à "relocalização".
O relatório aconselha que esses países imponham impostos ao uso de robôs e que evitem a crescente desigualdade - provocada pela perda de empregos pouco qualificados - através de políticas sociais.
No entanto, a Unctad pede que os países em desenvolvimento "aceitem a revolução digital" e "construam mercados locais e regionais" para evitar a mudança das fábricas para os países industrializados. O documento revela que a "relocalização" já está em andamento, apesar de ocorrer lentamente.
"Os custos trabalhistas seguem sendo um fator na decisão das empresas sobre onde localizar a produção, especialmente de bens com alto conteúdo de mão de obra", diz o texto.