Tecnologia

Riot tem novo alvo: séries e filmes sobre os jogos que desenvolve

Em entrevista, Shauna Spenley, ex-Netflix que assumiu a divisão de filmes e séries da Riot, explica como a lançamento Arcane se tornou o primeiro grande passo para a empresa ir além dos games

Shauna Spenley, presidente de entretenimento da Riot (Al Seib/Getty Images)

Shauna Spenley, presidente de entretenimento da Riot (Al Seib/Getty Images)

A Riot Games já não é mais uma empresa de um trabalho só. Apesar de ser muito conhecida pelo desenvolvimento de League of Legends (Lol), um dos maiores sucessos do mercado de games competitivos, é via séries e filmes, ou melhor, conteúdo de streaming, que a empresa ensaia o seu próximo grande movimento. O objetivo é aproveitar como alicerce todo o legado que criou na lore do jogo e impulsionar um império de entretenimento que não ficará limitado ao teclado e mouse dos computadores ou pelas telas de smartphones. 

Aprenda as técnicas de inovação utilizadas pelas maiores e mais lucrativas startups. Comece agora!

O primeiro passo neste sentido foi o lançamento de Arcane, na Netflix, no mês de novembro. A série de animação, feita em parceria com o estúdio francês Fortiche Production, conta a origem repaginada de alguns personagens de League of Legends. Surpreendendo a própria empresa pelo sucesso que obteve, ficou em 1º lugar em 50 países e angariou uma audiência de mais de 180 milhões de horas assistidas ainda na primeira semana de estreia. 

Mas Riot não esconde que planeja muito mais que Arcane para expandir os negócios, e a contratação de Shauna Spenley para comandar a divisão de entretenimento deve solidificar a investida já em 2022. A executiva é ex-vice-presidente de marketing e publicidade da Netflix, e, já de início, abriu um caminho de acesso entre a Riot e a plataforma de streaming que dificilmente existiria se outra contratação ocupasse a posição. 

Em entrevista à EXAME, a executiva detalhou os desafios de lançar Arcane e como a empresa deve explorar novas histórias e produtos vindas do Lol. Confira abaixo:

O que te motivou pessoalmente para o desafio de liderar a Riot na produção de conteúdo para streaming? Jogos e as séries não são conflitantes quando se trata de ganhar a atenção do público?

Eu venho analisando como as horas gastas com jogos eletrônicos estão crescendo de forma exponencial nos últimos anos. Coloquei na conta como isso se dividia entre redes sociais como o TikTok e, na conclusão geral, os jogos sempre ganham na divisão do tempo gasto. Isso me atraiu muito. Acho que o próximo grande negócio que reunirá várias frentes de patentes e serviços virá dos jogos. Eles serão, em última análise, o centro da nossa cultura. O entretenimento e os produtos que o rodeiam devem servir como ativos complementares da jogabilidade.

Em vez de simplesmente entregar a propriedade intelectual do Lol para que nomes estabelecidos da TV e streaming concebessem Arcane, a Riot seguiu o caminho autodidata e aprendeu a fazer uma série dentro de casa. Mas qual foi a estratégia ao escolher fazer o projeto internamente e o que muda nessa lógica da produção?

Seria difícil transferir a paixão que temos pelo Lol para algum parceiro. Quando o objetivo é construir um universo explorável no âmbito das marcas que temos, é preciso fazer com que os jogadores sintam que essa expansão foi idealizada para eles. O jogo é o centro. É diferente, mas é como a Disney faz ao colocar os filmes como fonte da cultura deles. 

É perceptível que a Riot escolheu um roteiro onde não é preciso saber a história do jogo para criar interesse pela série. Como foi encontrar esse equilíbrio quando é preciso criar um novo público e agradar os fãs?

Toda a estratégia para Arcane está envolta na ideia de comemorar a nossa história e dar aos nossos jogadores algo a mais para gostarem. Mas quando eu olho nosso plano para os próximos 10 anos, vejo que é bastante holístico. O objetivo é criar uma lore mais envolvente e expandir o mundo de League of Legends para além do jogo. Arcane, neste sentido, assume o papel de ser a plataforma de lançamento para o que eu acredito, que no futuro, serão muitas outras histórias.

Aliás, este primeiro passo estreou muito bem avaliado pela crítica. A Riot esperava a repercussão positiva? E ainda, você acha que Hollywood já consegue entender o potencial da audiência vinda do público gamer?

Tem sido muito gratificante ver a resposta dos nossos jogadores. Toda a equipe tem trabalhado arduamente, então estou feliz por todos que contribuíram tanto para o projeto, mas principalmente porque nossos jogadores estão finalmente assistindo seu universo favorito ganhando vida. Contudo, não acho que a maior parte de Hollywood perceba o quão grande é nossa comunidade, mas acredito que agora há uma forma de gerar esse entendimento.

Eu acredito que Arcane e seus desdobramentos são uma forma de refundar a presença da Riot. Mas quais são os próximos passos?

Estamos totalmente comprometidos com a criação de novas formas entretenimento, então, embora eu não possa entrar em detalhes sobre o que está por vir da segunda temporada de Arcane, posso dizer que é o começo da jornada. Acho que temos uma grande oportunidade de construir histórias incríveis dentro desse mundo e consolidar nosso universo. Mas vai demorar um pouco. Nosso foco até então foi a 1ª temporada de Arcane, e o início da 2ª temporada, mas estamos empolgados para o que virá no futuro.

 

Acompanhe tudo sobre:EntrevistaFilmesJogosNetflixSériesStreaming

Mais de Tecnologia

Como o Google Maps ajudou a solucionar um crime

China avança em logística com o AR-500, helicóptero não tripulado

Apple promete investimento de US$ 1 bilhão para colocar fim à crise com Indonésia

Amazon é multada em quase R$ 1 mi por condições inseguras de trabalho nos EUA