Snowden: revelações do ex-agente podem transformar a web em um território menos aberto (Getty images)
Victor Caputo
Publicado em 12 de março de 2014 às 13h20.
São Paulo – Em seu aniversário de 25 anos, a web corre o risco de desaparecer da maneira como existe hoje. A ideia é sugerida por um estudo realizado por pesquisadores do Centro de Internacional de Direito da Califórnia. O gatilho para isso é inesperado: as revelações de espionagem da NSA feitas por Edward Snowden.
A resposta de vários países para as ações da NSA tem sido propostas que cerceariam a liberdade na rede. As consequências seriam algo como criar grandes muros e isolar áreas da internet.
Os pesquisadores Anupam Chander e Uyen P. Le analisam em seu trabalho, “Quebrando a web: dados localizados vs. a internet global”, as ideias que surgiram com o objetivo de entrincheirar região da web. Na Alemanha foi proposto que a comunicação fosse feita usando uma rede fechada e interna. No Canadá, alguns estados passaram a aconselhar que dados pessoais de cidadãos fossem armazenados e acessados apenas de dentro do Canadá.
“Muito do que aparece no estudo é de antes de Snowden, mas esses esforços se aqueceram depois. Existiam esses impulsos antes e as revelações de Snowden serviram como gatilho, como justificativa”, afirmou Chander, um dos autores do estudo, à Bloomberg.
No Brasil, o caminho foi parecido. Uma das principais controvérsias do Marco Civil da Intenet era a obrigatoriedade de que empresas de tecnologia armazenassem informações sobre cidadãos brasileiros em território nacional. Empresas como Google e Facebook teriam que pagar multas caso as informações fossem guardadas em servidores nos Estados Unidos. Outras propostas, como a criação de um serviço de e-mail dos Correios também foi proposta.
Dados localizados
O estudo apresenta a ideia de “dados localizados”. O termo vem em oposição, principalmente, a uma internet sem fronteiras. “Governos ao redor do mundo estão colocando barreiras no fluxo livre de informações através de fronteiras”, afirma o estudo. Os motivos para isso são preocupações com privacidade, segurança e vigilância. A consequência, de acordo com o estudo, é clara: a internet será partida em diversos pedaços.
“Nós devemos investir em proteção de dados sem cair em protecionismo de dados. Uma internet melhor e mais segura para todos não deveria ter como princípio destruí-a”, conclui o estudo.