Luiz Alberto Figueiredo: para o ministro, a aprovação da resolução proposta pelo Brasil e pela Alemanha é um sinal de que todos os países abraçaram um novo caminho (Evaristo Sa/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2014 às 06h29.
Brasília – Uma reunião interssetorial no Brasil, em 2014, será o próximo passo na discussão internacional sobre governança na internet, após a aprovação da resolução Direito à Privacidade na Era Digital, por unanimidade, pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). "
Será a contribuição [de todos] para o crescimento de um novo formato. Atualmente, não há uma governança nesse sentido. Vários setores serão chamados para um debate, para uma visão holística sobre a defesa de interesses concretos dos cidadãos", disse hoje (19) o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo.
A Reunião Multissetorial Global sobre Governança na Internet será nos dias 23 e 24 de abril, em São Paulo, e o encontro será promovido no âmbito do Comitê Gestor da Internet (CGI) do Brasil, com participação de governos, empresas, acadêmicos e sociedade civil.
Para o ministro, a aprovação da resolução proposta pelo Brasil e pela Alemanha é um sinal de que todos os países abraçaram um novo caminho que, para ele, "não tem volta".
O documento endossado nas Nações Unidas trata de coleta de dados, monitoramento e interceptação de comunicações.
Segundo a resolução adotada pela ONU, as pessoas devem ter garantidos, no ambiente digital, os mesmos direitos que têm fora dele.
“Foi decidido coletivamente que é necessário fazer uma revisão dos procedimentos para que as atividades na internet sejam compatíveis com o direito internacional e os direitos humanos", explicou.
Figueiredo também falou sobre a expectativa dos resultados que a medida espera alcançar:
"A inibição [da espionagem] é o efeito prático que esperamos. Não me refiro a nenhum país específico, mas em geral. Por isso a adoção de uma resolução no âmbito da ONU".
Sobre as recentes acontecimentos nos Estados Unidos relativos à questão da espionagem - como a determinação de um juiz federal de que o monitoramento conduzido pela Agência Nacional de Segurança (NSA, sigla em inglês) pode ser considerado inconstitucional e pedidos de regulação das atividades da agência por parlamentares, Luiz Alberto Figueiredo disse que o Brasil está acompanhando o assunto e aguardando que o país se manifeste.
"Aguardamos o momento em que [os Estados Unidos] entrarão em contato conosco sobre o tema. Na conversa entre a presidenta Dilma Rousseff e o presidente Barack Obama, foi dito que seria feita uma revisão dos procedimentos. Agora, aparentemente, está sendo conduzida uma revisão. A próxima fase será um contato sobre a revisão", disse Figueiredo.