Maurício Filho: diretor do 99Pay quer levar bitcoin a mais pessoas com cashback e negociações a partir de 10 reais (Divulgação/Divulgação)
Lucas Agrela
Publicado em 26 de outubro de 2021 às 08h00.
Última atualização em 2 de dezembro de 2021 às 18h59.
Quem usa aplicativos para solicitar corridas está acostumado a ver o nome da 99 na fatura do cartão, ou seja, sempre associada a um gasto. Agora, a empresa quer mudar essa lógica e ser também um aplicativo que ajuda você a entrar para o mundo dos investimentos e das criptomoedas. Com o novo aplicativo 99Pay, a empresa expande a sua frente de carteira digital e almeja o pódio desse setor no Brasil. Para isso, o plano envolve não só ter um aplicativo com rendimento acima da média de investimentos conservadores de liquidez diária, mas também algo inédito: cashback em bitcoin e negociações sem taxas.
“Não queremos mirar na pessoa que já entende de investimentos, queremos mirar na pessoa que está começando nesse mundo. Tanto que a bonificação que daremos, que é de 220% do CDI, é algo super seguro e previsível”, afirma Maurício Orsolini Filho, diretor da 99 Pay, em entrevista exclusiva para a EXAME. A partir de 3 de novembro, o aplicativo 99Pay começa a ser liberado para o uso por qualquer pessoa já com a possibilidade de comprar e vender bitcoin. O cashback será liberado algumas semanas mais tarde, em campanhas de marketing da empresa.
Separada do app de corridas, a carteira digital terá uma linha do tempo, assim como uma rede social. Os usuários do 99Pay podem fazer transferências e compartilhamento de mensagens com fotos, comentários e emojis. “As possibilidades da linha do tempo em um aplicativo de pagamento foram demonstradas pela troca de mensagens entre pessoas em transferências Pix de 1 centavo quando as redes sociais caíram recentemente”, conta Filho.
O foco do negócio é o Brasil, país onde nasceu a iniciativa do 99Pay, no ano passado. O projeto, entretanto, é mais antigo, de 2019. Ele foi liberado pouco a pouco ao longo dos últimos meses e agora está disponível em 1.600 cidades brasileiras. A carteira foi criada com as facilidades da transferência Pix como premissa, e esse é um dos diferenciais do aplicativo nesse segmento.
“Todas as carteiras digitais que já existiam colocaram o Pix como uma solução a mais. Nós quisemos construir algo em volta desse ecossistema. Queremos nos associar com essa ideia de transações rápidas, fáceis e gratuitas. Ao mesmo tempo, queremos democratizar o
acesso a instrumentos financeiros não tão óbvios, mas que têm potencial enorme e despertam a curiosidade das pessoas, como é o caso do bitcoin”, diz o diretor do 99Pay.
O bitcoin não será utilizado como forma de pagamento de corridas na 99. A proposta de oferecer dinheiro de volta no uso da carteira para algumas situações, como o pagamento de boletos, visa oferecer acesso a uma classe de ativos que ainda tem a necessidade específica de abrir contas em corretoras de criptoativos.
Além disso, a 99 quer promover mais contato com o bitcoin para quebrar alguns mitos, como a necessidade de ter muito dinheiro para ter saldo em bitcoin. A criptomoeda não é negociada apenas em unidades, mas também em frações, chamadas de satoshis. Mas o satoshi é muito menos do que um centavo. Se o compararmos com o real, seria como dividir um real em 100 milhões de centavos. Ou seja, mesmo com o preço do bitcoin a mais de 300 mil reais, ele pode ser negociado por poucos reais.
Quem quiser comprar e vender bitcoin diretamente no aplicativo do 99Pay poderá fazer isso gratuitamente, ou seja, a empresa zerou as taxas para a negociação da criptomoeda em seu aplicativo. O valor mínimo da compra é de 10 reais e o máximo é de 10 mil reais. Com o novo recurso, uma das principais expectativas da companhia é de que o usuário consulte o aplicativo uma vez ao dia, aumentando, assim, seu relacionamento com a marca.
A 99 tem o objetivo declarado de terminar o ano de 2021 como uma das três maiores carteiras digitais do Brasil. Para isso, além do rendimento e do cashback em bitcoin, a aposta da 99 é no reconhecimento da sua marca pelos consumidores.
“As pessoas sabem que a marca da 99 é segura, ela não vai desaparecer amanhã. Estamos aqui faz tempo”, diz Filho. Em paralelo, a empresa vai produzir conteúdos sobre educação financeira para ajudar os usuários do aplicativo a entenderem cada vez mais sobre o mundo dos investimentos.
A rival Uber não está fora do mercado de carteiras digitais. A empresa criou um serviço semelhante ao 99Pay, em parceria com a fintech Digio, mas o foco é diferente: permitir pagamentos instantâneos para os motoristas após cada corrida. Ou seja, a solução é voltada aos condutores parceiros da empresa nas corridas do Uber e do UberEATs. A conta oferece rendimento de 100% do CDI e uma loja on-line exclusiva que dá cashback a cada compra.
Para a 99, a concorrência no mundo dos pagamentos pela preferência do consumidor vai além dos aplicativos de transporte. As carteiras digitais são um negócio cada vez mais popular e o usuário pode escolher várias opções, uma vez que essas contas são isentas de taxas. O 99Pay vai disputar a preferência do consumidor com apps como iti, BTG+, PicPay e MercadoPago. Todos oferecem benefícios como rendimento automático do saldo em conta ou cashback em pagamentos. Mas a negociação de bitcoin é a grande arma do 99Pay nessa disputa, e ninguém mais oferece algo similar isento de taxas de negociação. Ao menos, por enquanto.