Tecnologia

Relógios inteligentes são ameaça parecida com a dos anos 70

Fabricantes suíços vivem uma nova ameaça, parecida com a de quando quase foram colocados para fora do negócio quando subestimaram o relógio de quartzo


	Galaxy Gear, novo relógio inteligente da Samsung: uma nova ameaça para os fabricantes de relógios da Suíça
 (Sean Gallup/Getty Images)

Galaxy Gear, novo relógio inteligente da Samsung: uma nova ameaça para os fabricantes de relógios da Suíça (Sean Gallup/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2013 às 11h32.

Frankfurt - Nos anos 1970, os fabricantes de relógios da Suíça quase foram colocados para fora do negócio quando subestimaram a importância do relógio de quartzo. Embora o setor tenha se recuperado e mesmo esteja prosperando, hoje enfrenta um novo desafio tecnológico de “relógios inteligentes” como o Galaxy Gear, de US$ 299, da Samsung Electronics Co.

Assim como o quartzo, quatro décadas atrás, os aparelhos estão sendo vistos com indiferença. Segundo uma pesquisa de consultores da Deloitte, dois terços dos executivos da indústria suíça dizem que os relógios inteligentes não representam uma ameaça.

“Como você se sentiria se o seu namorado trouxesse para você um relógio inteligente em vez de um bom relógio de pavé de diamantes?”, disse Johann Rupert, o bilionário acionista controlador da Cie. Financière Richemont SA, que vende relógios sob 13 marcas, incluindo Cartier e Vacheron Constantin. “Eu não tenho certeza se haverá um grande impacto sobre os relógios clássicos”.

A indústria deveria se preparar para a chegada dos relógios inteligentes, disse Andreas Hofer, sócio do Boston Consulting Group em Zurique. A empresa de pesquisas Strategy Analytics prevê vendas globais de 1 milhão de relógios inteligentes neste ano e 7 milhões em 2014. A Sanford C. Bernstein estima que a Apple Inc. poderia ter, com a venda de seu iWatch, uma receita entre US$ 2,3 bilhões e US$ 5,7 bilhões no primeiro ano.

As fabricantes suíças de relógios “não deveriam dizer tão rapidamente que essa é uma tendência que não as afetará”, disse o consultor Hofer, que checa a hora em seu iPhone. “Deveria haver alguma modéstia”.

Apesar de sua confiança em uma tecnologia secular, o setor se fortificou desde os anos 1980. As exportações de relógios da Suíça subiram 11 por cento no ano passado para um recorde de 21,4 bilhões de francos (US$ 23,7 bilhões), baseado nos preços por atacado, segundo a Federação da Indústria de Relógios Suíços.

Rolex de US$ 5 mil

Muitas fabricantes suíças de relógios provavelmente continuarão indo bem porque um relógio inteligente pode frequentemente ser adicionado a uma coleção em vez de substituir um Rolex de US$ 5 mil, segundo Jon Cox, analista da Kepler Cheuvreux em Zurique.


“Se você é um jovem banqueiro de investimentos de sucesso, você provavelmente tem recursos para ter tanto um relógio de luxo quanto um relógio inteligente”, disse Cox. “Um relógio suíço é realmente uma confirmação de que você é claramente rico. Você não consegue esse mesmo fator ‘uau’ com um relógio inteligente”.

Relógios com preços entre US$ 200 e US$ 400 estarão em concorrência direta com relógios inteligentes nas mentes de muitos compradores. Os investidores estão apoiando as fabricantes suíças de relógios. As ações da Swatch e da Richemont superaram o índice suíço de referência SMI neste ano e 20 analistas recomendam comprar ações da Swatch, enquanto nenhum recomenda vendê-las.

Relógios com calculadora

“Até aqui, o conceito de relógio inteligente é questionável”, disse Michel Keusch, gerente de portfólio na Bellevue Asset Management AG em Küsnacht, Suíça, que mantém ações da Richemont e da Swatch entre seus ativos de 2,2 bilhões de francos. “Você precisa carregá-lo todos os dias. É uma tela em miniatura. Todo mundo tem um smartphone”.

Keusch disse esperar que os consumidores inicialmente irão abocanhar os relógios inteligentes em meio à badalação da mídia e depois o produto pode desaparecer, assim como ocorreu com os relógios com calculadora nos anos 1980. Ele diz que as vendas podem começar em cerca de 2 milhões de unidades por ano -- uma fração da venda anual de 1 bilhão de relógios.

Uma fabricante de relógios suíços que está adotando a nova tecnologia é Arny Kapshitzer. Sua startup Hyetis diz que seu Crossbow de US$ 1.200 -- um relógio automático com câmera e GPS que pode parear com telefones -- é o primeiro relógio inteligente suíço. Kapshitzer apresentou sua ideia a várias marcas suíças e as poucas que de fato se reuniram com ele disseram que os relógios inteligentes são apenas um modismo que morrerá rapidamente.

“Eu não acredito nisso: eu acho que é um mercado real e o futuro da indústria de relógios”, disse Kapshitzer. As fabricantes suíças de relógios “ainda estão em uma situação confortável. Nós estamos em uma situação de resistência à inovação. Esse é um grande erro”.

Acompanhe tudo sobre:Computação vestívelGadgetsGalaxyGalaxy GearIndústria eletroeletrônicaRelógiosRelógios inteligentes

Mais de Tecnologia

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble

Apple se prepara para competir com Amazon e Google no mercado de câmeras inteligentes