Tecnologia

Lojas de surfe eram as mais protegidas durante 'Rolezinho' de Itaquera

Jornalista de INFO conta o viu durante o 'rolezinho' no shopping Metrô Itaquera

Rolezinho (Filipe Serrano)

Rolezinho (Filipe Serrano)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2014 às 10h36.

A confusão no "rolezinho" do Shopping Metrô Itaquera neste sábado, 11, foi provocada por alguns grupos de adolescentes que gritavam, corriam e ameaçavam até outros jovens que participavam do encontro. Até o início do tumulto, o movimento era normal e a maioria dos 3 000 adolescentes que estavam no local só assistiu à correria de jovens e à reação da Polícia Militar.

A reportagem de INFO chegou ao local às 16h (horário marcado para o início encontro). O que se via no início era um movimento normal de shopping durante um fim de semana. Os jovens eram a maioria dos visitantes do centro comercial, mas todos estavam em grupos pequenos, de menos de 10 pessoas, andando pelo corredor central que atravessa os dois andares do local. O shopping fica próximo à Arena Corinthians, que é uma das sedes da Copa do Mundo.

Apesar de um clima de tensão por parte dos lojistas e seguranças, não havia tumulto e o movimento era normal.

Os seguranças estavam atentos a qualquer movimentação incomum. Nenhum grupo de jovens podia ficar parado sem ser abordado por um segurança. Qualquer um que se exaltasse, começasse a gritar ou pular logo era interrompido por um ou mais seguranças, que pediam para que os jovens se acalmassem. Alguns garotos tentavam argumentar ou retrucar, mas eram repreendidos e seguiam em frente.

Na maior parte das lojas, ao menos dois vendedores acompanhavam o movimento na porta dos estabelecimentos. As lojas de roupas de surfe eram as mais protegidas. As entradas eram vigiadas por até quatro vendedores e seguranças. O gerente de uma loja de calçados disse que a vigilância era normal e que os vendedores ficam nas portas para atender possíveis compradores ou impedir que as pessoas fiquem muito tempo paradas em frente à vitrine. “Estamos observando o movimento dos jovens. Da outra vez, falaram que teria arrastão, então sempre fica um certo receio”, afirmou o gerente a INFO, antes de atender o telefonema de um superior que queria saber sobre a situação. “Até agora está tudo normal”, disse ao chefe.

A reportagem viu ao menos um grupo de policiais militares circulando pelos corredores, mas a maior parte do reforço da PM estava do lado de fora. Carros, motos e duas bases móveis da polícia faziam apoio da segurança nas entradas do shopping que davam para o estacionamento. Alguns adolescentes eram revistados antes de entrar e eram avisados de que poderiam ser multados se provocassem tumulto.

Por volta das 18h30, a situação começou a mudar. O número de seguranças já não era mais suficiente para conter a quantidade de jovens que se exaltavam. Começaram a se formar grupos maiores, de cerca de 30 adolescentes. Um dos grupos chegou a hostilizar a reportagem quando o fotógrafo Samuel Esteves tentou fazer uma imagem deles, na área externa do shopping.

Em seguida, os grupos maiores começaram a correr e a gritar dentro do shopping, sem que os seguranças conseguissem contê-los. As  lojas fecharam as portas com clientes dentro, que buscavam se proteger da confusão. Outros clientes, alguns com crianças, saíram correndo para o estacionamento. “Não dá para ficar nesse shopping, não. Mó bagunça aí”, disse um homem à reportagem enquanto corria para o carro acompanhado de uma mulher. Uma vendedora passou mal e teve de ser retirada de maca até uma ambulância do shopping, na área externa. Os seguranças fecharam as portas do centro comercial e proibiram a entrada de jovens. Eles só permitiam que as pessoas saíssem.

Com as portas das lojas e dos restaurantes fechadas, os jovens tomaram conta dos corredores. Os grupos mais exaltados provocaram ainda mais corre-corre. Em um momento de correria, um adolescente que segurava boné e óculos escuros na mão disse a INFO que um grupo estava roubando os bonés dos outros. “É o bonde. Os caras vêm em bonde”, disse (veja no vídeo abaixo).

[videos-abril id="http://videos.abril.com.br/info/id/fd8cf3d9477e37fad868377dbf73f92a" showtitle="false"]

O vão central do shopping, que dá vista para os dois andares, foi tomado por adolescentes curiosos que acompanhavam a confusão. Os seguranças desligaram as escadas rolantes e impediam que as pessoas subissem ou descessem, obrigando dezenas os jovens a voltar pela escada. Em um desses momentos, houve correria nos degraus e alguns pularam o vidro da escada rolante antes de chegar ao andar de baixo.

Num dos momentos de mais tensão, a reportagem viu uma briga entre dois grupos de adolescentes. A gritaria tomou conta do vão central. Uma pedra de cascalho, retirada de um dos vasos, foi atirada do outro lado do vão e atingiu a barriga do jornalista da INFO, sem causar ferimento. Apesar da confusão, não houve quebra-quebra nas lojas.

A Polícia Militar começou a agir dentro do shopping. A reportagem viu seis jovens detidos e colocados em frente à vitrine de uma loja, com as mãos para trás, enquanto outros acompanhavam a atuação da polícia. Em um momento, os jovens gritaram de longe em coro: “Ei, PM, vai tomar no cú”.

Com a situação mais tensa, os jovens começaram a deixar o local em direção ao terminal Corinthians-Itaquera que fica ao lado do shopping. Alguns grupos provocaram confusão na saída, chutando as portas de ferro de lojas na estação, e provocavam os policiais, que revidaram com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha. Segundo a PM, dois maiores de idade foram presos na estação, um por furto e outro por roubo.

Como havia a confusão no terminal, alguns jovens tentaram retornar ao shopping e eram barrados por policiais com cassetetes que protegiam a entrada do estacionamento. “Volta por onde você veio, cabelo do diabo! Vai tomar no cú”, gritou um policial a um menino de menos de um metro e meio de altura, com cabelo moicano, que tentou argumentar.

Aos poucos, a situação se acalmou com a dispersão dos adolescentes e as lojas do shopping reabriram por volta das 19h30. Os jovens detidos foram liberados depois de preencher e assinar uma notificação entregue por oficiais de justiça. Eles devem ser intimados a se apresentar à Justiça. Uma liminar prevê aplicação de multa de R$ 10 mil.

O criador do encontro no Facebook apagou sua conta na rede social e também a página o evento quando a confusão começou. Antes do rolezinho, cerca de 1.200 pessoas tinham confirmado participação no encontro.

Acompanhe tudo sobre:ComportamentoINFO

Mais de Tecnologia

Quem é Ross Ulbrich? Fundador de marketplace de drogas recebeu perdão de Trump

Microsoft investe em créditos de carbono no Brasil

Apple está perto de conseguir um acordo para liberar as vendas do iPhone 16 na Indonésia

Musk, MrBeast ou Larry Ellison: quem vai levar o TikTok?