Reino Unido pressiona a Apple por acesso a dados criptografados na nuvem (Amanz /Unsplash)
Agência de Notícias
Publicado em 7 de fevereiro de 2025 às 18h25.
O governo do Reino Unido solicitou à Apple acesso aos dados criptografados armazenados na nuvem de seus usuários em todo o mundo, informou a BBC na quinta-feira .
A emissora britânica confirmou a informação com fontes próprias, após a revelação inicial do jornal The Washington Post, nos Estados Unidos.
Segundo ambos os veículos, o Ministério do Interior do Reino Unido enviou à Apple, em janeiro, um “aviso de capacidade técnica” confidencial, exigindo que a empresa permitisse esse acesso com base na lei britânica de Poderes de Investigação.
Essa legislação, em vigor desde 2016, autoriza as autoridades a exigir a colaboração de empresas para a coleta de provas em investigações criminais, desde que respeitado um rigoroso processo legal.
Atualmente, apenas o titular de uma conta da Apple – nem mesmo a própria empresa – pode acessar os dados armazenados sob o serviço de Proteção Avançada de Dados (ADP, em inglês). No entanto, muitos usuários não ativam essa funcionalidade, pois, caso percam o acesso à conta, o nível adicional de criptografia impede a recuperação dos dados.
A BBC destacou que o governo britânico busca acessar apenas dados de suspeitos, quando houver riscos para a segurança nacional, descartando qualquer intenção de implementar uma vigilância em larga escala.
O Ministério do Interior afirmou à emissora que não comentaria “sobre questões operacionais, o que inclui, por exemplo, confirmar ou negar a existência de tais avisos”.
Por outro lado, a Apple não se pronunciou oficialmente sobre o caso. No passado, entretanto, a empresa já declarou que, diante de exigências desse tipo, poderia retirar do mercado do Reino Unido seu serviço de criptografia.
A solicitação do governo britânico levanta debates sobre privacidade e segurança. Organizações como a NSPCC, que protege os direitos da infância, argumentam que a criptografia pode ser usada por criminosos para ocultar abusos infantis e outros delitos.
Por outro lado, entidades como a Privacy International consideram que permitir o acesso do Estado a dados criptografados representa um ataque sem precedentes à privacidade individual.