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Reguladores chineses querem que empresa de Jack Ma compartilhe dados de usuários

Bilionário chinês pode estar diante de mais uma batalha perdida

Jack Ma: sumido há dois meses, bilionário está na mira dos reguladores chineses (Andrew Burton/Getty Images)

Jack Ma: sumido há dois meses, bilionário está na mira dos reguladores chineses (Andrew Burton/Getty Images)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 5 de janeiro de 2021 às 18h25.

Última atualização em 5 de janeiro de 2021 às 18h43.

Reguladores chineses aprumaram a mira que tinham sobre o bilionário Jack Ma, fundador do gigante de tecnologia Alibaba e do financeiro Ant Group. De acordo com o jornal americano The Wall Street Journal, oficiais do governo estariam exigindo que o Ant compartilhe dados de crédito e de compra dos usuários com as autoridades.

Usado por mais de 1 bilhão de pessoas, o Ant tem massivo volume de dados sobre hábitos de consumo, aplicações financeiras, empréstimos e histórico de pagamentos de grande parte dos habitantes do país.

Os dados, sob posse do Ant, eram um importante ativo tecnológico para Jack Ma e a empresa: com essas informações ele negociou com cerca de 100 bancos empréstimos para os usuários de seus aplicativos.

O acordo era especialmente benéfico para a empresa, que ficava com uma parcela da transação, como intermediária, enquanto os bancos assumiam os riscos da inadimplência. Dentro do governo — ainda mais diante das constantes críticas de Ma — o argumento é que o grupo prejudica a competição no país, por ter uma vantagem desleal sobre concorrentes.

Ceder controle dessas informações ao governo é algo que Ma evitou por muito tempo, mas que surge em um momento de pouca possibilidade de manobra para o executivo. Sumido há dois meses, Ma vive um momento em que suas empresas, alguns dos maiores conglomerados da China, estão sendo alvo de constante escrutínio do governo chinês.

De acordo com o WSJ, reguladores chineses querem desfazer o modelo de negócios da empresa, que, apesar dos lucros, consideram trazer riscos em potencial para o sistema financeiro da China.

Não só almeja-se regular o Ant como se fosse um banco, o que levaria a empresa a ter de ceder mais de seus próprios fundos em empréstimos para usuários, mas autoridades também planejam quebrar o que vêem como um monopólio do grupo sobre dados de usuários, de acordo com fontes com conhecimento do assunto, ouvidas pelo Wall Street Journal.

via crucis de Jack Ma começou em outubro, quando ele anunciou um ambicioso plano de levar à bolsa a Ant Financial, o braço financeiro de seu conglomerado empresarial, num movimento que o consolidaria como o empresário mais rico e influente do país. O negócio atraiu tanta atenção internacional que contou com 15.00 investidores brasileiros.

Mas o IPO calculado em 34 bilhões de dólares foi cancelado na véspera sem grandes explicações. Depois, em dezembro, reguladores chineses anunciaram uma investigação contra o Alibaba por supostas práticas monopolistas. O governo ordenou ainda que o Ant reduzisse suas operações — tudo sem uma réplica contundente ao estilo Jack Ma.

A agência Bloomberg diz que o governo “perdeu a paciência com Ma”, e que recomendou ao empresário não deixar o país. Outro símbolo de prosperidade, Ma Huateng, dono da holding Tencent, também tem sido alvo de constante escrutínio. O dilema é como equilibrar esse controle crescente sem passar a imagem de que a China é um lugar arriscado para investidores.

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