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Redes sociais chinesas registram queda na atividade de seus usuários

Redes sociais na China sofrem queda em sua atividade causada pelo medo dos usuários que poderão cumprir uma pena de até três anos de prisão

celular china (Getty Images/Getty Images)

celular china (Getty Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2013 às 08h44.

Pequim - A nova campanha de controle sobre internet na China já começou a surtir efeito: a rede social mais acessada do país, o Weibo (espécie de twitter chinês), registrou uma queda em sua atividade causada pelo medo dos usuários que poderão cumprir uma pena de até três anos de prisão pelo uso da mesma.

A mais recente medida foi aprovada há duas semanas, quando a Corte Suprema do país informou que os usuários que publicarem comentários "difamatórios" na internet poderão ser condenados a uma pena de até três anos de prisão se forem "amplamente divulgados".

A autoridade judicial considera como "ampla divulgação" o fato de um comentário alcançar 5 mil seguidores ou que seja reenviado por outros usuários mais de 500 vezes, e por isso acredita-se que a medida seja dirigida às personalidades mais influentes das redes, mais conhecidos como os "grandes V".

Os "grandes V" são os usuários cuja identidade é confirmada pelos administradores da rede social, e costumam ser personagens da esfera pública com um grande número de seguidores e, portanto, com uma enorme e rápida capacidade de divulgar informações.

"Os grandes V podem provocar uma tempestade", publicou nesta semana a revista semanal chinesa "Southern Weekly", que dedicou três páginas a este grupo de internautas, entre os quais se encontram magnatas imobiliários como Pan Shiyi (fundador e presidente da empresa "Soho"), com mais de 16 milhões de seguidores; e o ex-presidente do Google na China, Li Kaifu, com mais de 50 milhões de seguidores.

Mas desde que o presidente da China, Xi Jinping, lançou uma campanha para enrijecer o controle da internet, os mesmos têm agido e publicado na internet com muito mais cuidado.

O caso do ex-presidente do Google na China é um exemplo: passou horas relendo as mais de 13 mil mensagens que tinha publicado na sua conta, apagou algumas e se preocupou em eliminar, sobretudo, as copiadas e reenviadas do perfil do blogueiro Qing Huohuo.

Qing foi detido no dia 22 de agosto por "criar", supostamente, mais de 3 mil "boatos" na internet. Um dos mais delicados foi o que publicou quando um acidente de um trem de alta velocidade em julho de 2011 causou 40 mortos e 200 feridos.

Na época, o "blogueiro" escreveu no Weibo que o governo chinês daria grandes compensações às vítimas estrangeiras do fato e revelou alguns detalhes do acidente que Pequim não tinha divulgado.

Um dia depois da detenção de Qing, o empresário sino-americano Charles Xue, conhecido como Xue Manzi na internet, onde tem 12 milhões de seguidores, também foi preso, mas por manter um relacionamento com uma prostituta.

Ambas as detenções se somam às centenas de pessoas detidas durante o mês passado por "incitar a instabilidade social" ou por difamação, ao publicar informação crítica ou "não verificada" em suas contas do Weibo.

Foi isso que provocou, segundo uma pesquisa da "Weibo Reach", citada pelo jornal "South China Morning Post", a queda de 11,2% nos comentários dos "grandes V" no Weibo no mês de agosto, em relação aos meses anteriores.

Não podemos, porém, generalizar. Alguns usuários assíduos do Weibo ainda utilizam a rede como plataforma para denunciar detenções de seus companheiros, tanto devido à divulgação de rumores como por outros motivos.

É o caso do advogado Teng Biao, que recentemente publicou um "tweet" no qual alertava que Wang Gongquan, um famoso e rico investidor chinês, tinha criado sua conta na rede, e foi consequentemente detido pela polícia de Pequim.

Por enquanto, seus comentários não foram retirados da rede, o que demonstra que, apesar das tentativas do governo e da inicial diminuição da atividade blogueira, controlar a internet não é tão simples. 

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