Gustavo Diament, da Nextel: com 3G, operadora passa a operar como uma prestadoda de Serviço Móvel Pessoal (SMP) (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2012 às 16h15.
São Paulo - A Nextel tem formalmente até 30 de maio do próximo ano para colocar a sua rede em operação comercial (é o prazo estabelecido pela Anatel), mas há indícios de que essa ativação deva acontecer bem antes disso. O principal deles é que a rede 3G da operadora, que já há algum tempo está implantada, passou a ser identificada na semana passada. Ao se rastrear as redes 3G disponíveis, qualquer usuário de celular verá que além das redes das quatro operadoras tradicionais (Vivo, TIM, Claro e Oi) há ainda a rede "Nextel 3G Brazil" disponível nos principais centros urbanos.
Pressionada por resultados, a operadora deve rapidamente lançar o serviço, também para evitar o risco de fazer a sua ações de marketing em cima do lançamento comercial das redes 4G das demais operadoras, que precisam estar em operação, pelo menos nas cidades da Copa das Confederações, até meados do ano que vem.
Para a Nextel, a entrada no mercado de 3G apresenta, além das oportunidades óbvias de disputar um mercado maior, com mais opções de aparelhos e sem restrições de vendas, traz alguns desafios importantes. Primeiro, a operadora passa a operar como uma prestadoda de Serviço Móvel Pessoal (SMP), como as demais celulares. Até então, a Nextel operava exclusivamente como uma prestadora de Serviço Móvel Especializado (SME).
No SMP, ela terá obrigações de cobertura e qualidade de serviço. Também mudam as regras de interconexão para a empresa. Atualmente, apenas metade das chamadas da Nextel podem ir para a rede pública, mas em compensação a taxa de interconexão com outras redes é mais vantajosa. Como operadora de SMP, ela pagará interconexão pela VU-M (preço pelo uso de outra rede, hoje na casa dos R$ 0,43), mas com o recém aprovado Plano Geral de Metas de Competição (PGMC), a Nextel deverá ter benefícios de uma assimetria de tráfego em relação a outras operadoras, por não ser uma empresa com Poder de Mercado Significativo (PMS) no segmento móvel como as demais.
Outro desafio importante da Nextel é tecnológico. O grande diferencial da operadora hoje é o serviço de rádio push-to-talk (PTT), realizado por meio da tecnologia iDEN, proprietária da Motorola. Mas essa tecnologia está limitada a poucos operadores, um número reduzido de aparelhos e não tem os benefícios de acesso a redes de dados em velocidades como as oferecidas pelas redes 3G.
Um dos principais motivos pelos quais a Nextel precisou segurar o lançamento de seus serviços 3G foi justamente encontrar uma forma de integrar o serviço de rádio atual (e muito valorizado por seus clientes) às plataformas 3G. A Vivo tem uma tecnologia de PTT que funciona sobre a rede 3G, mas ela não é integrada com a rede iDEN. A introdução do serviço de push-to-talk da Vivo foi um dos grandes motivos de desaceleração nos resultados da Nextel.
Outro desafio é ter aparelhos que funcionem tanto nas faixas de frequência do SME (por volta dos 400 MHz) quanto nas faixas do 3G (de 850 MHz a 2,1 GHz). Mas o maior desafio de todos é, sem dúvida, mercadológico. A Nextel entrará no mercado de 3G extremamente competitivo, brigando com quatro operadoras que têm, cada uma, mais de 20% de market share e que em breve terão o "bônus" de um novo ciclo tecnológico com a introdução das redes 4G em suas ações de marketing.