Desmatamento (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de junho de 2014 às 06h16.
A queda de 70% na taxa de desmatamento da Amazônia nos últimos anos é fruto de várias ações bem-sucedidas que combinaram políticas de comando e controle e intervenções sobre as cadeias de soja e carne. Mas todo esse ganho é frágil e pode estar em risco, se uma nova abordagem não for adotada. Essa é a mensagem de uma revisão publicada por pesquisadores brasileiros e americanos na edição desta semana da revista científica Science.
O trabalho, liderado pelo americano radicado no Brasil Daniel Nepstad, do Instituto de Inovação da Terra, programa internacional do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, sugere que é hora de investir em ações territoriais mais integradas, que unam os governos locais, estaduais e o federal com produtores e empresas. E recomenda que se incentivem os bons desempenhos. "Até o momento tem prevalecido na Amazônia uma ênfase no lado negativo: não compre soja nem gado de quem desmatar, não dê crédito para quem está ilegal, fechem os mercados externos. E isso funcionou bem. Mas agora é hora de abrir a agenda para o desenvolvimento rural sustentável", diz.
O artigo assinado por 17 pesquisadores e economistas destaca que o processo de degradação e recuperação da floresta teve ao menos três fases: a primeira (1999 a 2004), em que o aumento de preço das commodities levou a uma explosão do desmatamento da Amazônia; a segunda (2005 a 2007), quando a rentabilidade da soja despencou e houve espaço para declarar a moratória do grão, que impediu a compra de soja proveniente de área desmatada; e a terceira, desde 2008, em que mecanismos de fiscalização mais efetivos, multas e corte de crédito para o desmatador promoveram a queda mais significativa do desmatamento.
Os autores sugerem que se adote uma "abordagem territorial" em que as metas de redução de desmatamento sejam em escalas regionais. Se um município ou um Estado inteiro alcançar as metas, os produtores seriam recompensados com acesso preferencial a financiamento e a compradores. "A ideia é que no futuro possa se falar: olha, essa soja é da Amazônia. E isso significar que é um produto sustentável e não devastador", diz Nepstad.