Cristiano Amon, da Qualcomm: haverá muito interesse de investir em futuro independente da Arm (Germano Lüders/Exame)
Thiago Lavado
Publicado em 14 de junho de 2021 às 12h21.
A gigante de chips Qualcomm afirmou estar aberta a ideias de investir na britânica Arm, caso a venda da segunda à Nvidia seja barrada por autoridades antitruste. A informação foi dada pelo The Telegraph.
A NVIDIA anunciou em setembro a intenção de adquirir a Arm por 40 bilhões de dólares, o que figuraria o negócio como o segundo mais valioso do mercado de tecnologia caso se concretize. O acordo estaria atrás apenas da compra da EMC pela Dell por 67 bilhões de dólares. A Arm atualmente pertence ao conglomerado japonês SoftBank. A compra pende da aprovação por reguladores americanos, britânicos e europeus.
Cristiano Amon, que irá assumir o posto de CEO da Qualcomm no final deste mês, afirmou que a empresa teria interesse em comprar uma parcela da Arm caso ela passasse por um processo de listagem em bolsa, ao invés de ser vendida à Nvidia.
"Se a Arm tiver um futuro independente, eu acredito que você verá muito interesse de diversas companhias do ecossistema, incluindo a Qualcomm, de investir na Arm", disse Amon.
"Se [a empresa] deixar o SoftBank e entrar em um processo de se tornar uma companhia pública, com um consórcio de companhias que investem, incluindo consumidores, eu acredito que existam grandes possibilidades", adicionou.
A Arm é originalmente uma divisão que se separou da Acorn Computers em 1990. Os chips de alta eficiência energética da empresa são utilizados em 95% dos smartphones em utilização e boa parte dos chips fabricados na China. A empresa licencia o desenho de seus semicondutores a mais de 500 companhias.
Por esse motivo, a compra é alvo de polêmica, com empresas como Google, Microsoft e a própria Qualcomm se opondo à aquisição da Arm pela Nvidia.
Em objeção ao negócio, as big techs enviaram manifestos que pedem que a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês) vete a aquisição. Também foram feitos apelos para a Comissão Europeia e a Administração Estatal de Regulamentação de Mercado da China. A justificativa é de que a compra fará com que a Nvidia atue como uma espécie de “guardiã” da tecnologia desenvolvida pela Arm.
A Nvidia se defende e afirma que manterá o modelo de licenciamento da Arm em funcionamento caso adquira a empresa e que irá investir pesado na sede da Arm em Cambridge, no Reino Unido.
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