Carro do Google: grandes especialistas do setor de tecnologia abandonaram o projeto de carro autônomo e o avanço tem sido lento (Divulgação/Google)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2016 às 18h06.
Chris Urmson, o bem-educado especialista em robótica que dirigia o projeto de carros autônomos do Google, costumava dizer que quando seu filho tivesse idade para dirigir, em 2019, a tecnologia estaria disponível e o adolescente não precisaria fazer o exame para tirar a carteira de motorista.
Em agosto, menos de um ano depois de o veterano do setor automotivo John Krafcik assumir o comando do projeto, Urmson foi embora deixando muito trabalho a fazer: o Google ainda tem que lançar um serviço de veículo autônomo para o público.
Outros grandes especialistas do setor de tecnologia também abandonaram o projeto e o avanço tem sido lento. Antes considerado líder nesse campo, o Google perdeu a vantagem de ter começado na frente para outras empresas que buscam um serviço de carros autônomos mais prático e menos ambicioso, disseram antigos integrantes do projeto e outras pessoas familiarizadas com a situação. Todos pediram para não serem identificados porque os detalhes da iniciativa são confidenciais.
“Eles precisam de um parceiro, de uma força de vendas, de uma estratégia”, disse Roger Lanctot, diretor associado da Global Automotive Practice, da Strategy Analytics.
O projeto do Google começou em 2009, muito antes de fabricantes de veículos e da maioria das outras empresas considerar seriamente essa tecnologia.
Mas quando Cingapura revelou o primeiro serviço de táxi autônomo, em agosto, o Google não estava envolvido. Quem forneceu a tecnologia foi uma pequena startup chamada nuTonomy. O Uber, fundado em 2009, em breve irá possibilitar que os usuários de seu famoso serviço de transporte compartilhado solicitem SUVs autônomos da Volvo em Pittsburgh, EUA.
O Google percorreu mais de 2,9 milhões de quilômetros em testes em via pública na tentativa de aperfeiçoar seu software para lidar com situações difíceis, como dirigir na neve.
A Tesla Motors já oferece recursos parcialmente autônomos em mais de 70.000 de seus carros elétricos e a Otto, uma startup administrada por antigos membros do projeto de carros do Google, está desenvolvendo um sistema autônomo de direção para caminhões em estradas, um desafio tecnológico mais simples que o do Google. O Uber comprou a Otto em julho.
“O Google ainda tem um sistema imperfeito e nenhum caminho claro para chegar ao mercado”, disse Ajay Juneja, CEO da Speak With Me, que oferece reconhecimento de voz e tecnologias afins para carros, relógios e outros aparelhos conectados. “Como exatamente eles poderiam ter lançado alguma coisa até agora?”.
Talvez o maior empecilho para o programa seja o amplo escopo das ambições do Google. Seu objetivo é revolucionar o transporte por meio da autonomia total.
O software precisa estar bem capacitado para lidar com todas as eventualidades. Enquanto isso, já existem métodos para fabricar carros autônomos bons, mas não perfeitos. E isso ajudou empresas como Uber, Mercedes-Benz, da Daimler, Tesla e Volvo Car Group a alcançar o Google, disse Juneja.