(Getty Images/Reprodução)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 13h01.
A Netflix surfou praticamente sozinha na onda do streaming durante anos. E foi uma boa onda. A companhia conseguiu inflar seus números para quase 200 milhões de assinantes em sua plataforma de conteúdo virtual. Com a chegada de empresas como Amazon, Disney e Warner na disputa, a empresa de Los Gatos, na Califórnia, precisa mais uma vez se inventar. E fará isso produzindo um número recorde de filmes em 2021 (veja a lista ao fim da reportagem).
A companhia de Los Gatos, na Califórnia, pretende lançar pelo menos um filme por semana em 2021. Ao todo serão mais 70 produções próprias da Netflix que entrarão no catálogo virtual do serviço durante este ano. O número é maior do que a soma de produções previstas para estrearem nas plataformas rivais da Disney e da Warner, conforme reporta o The Verge.
Trata-se quase de um contra-ataque. “Para nosso projeto de 2021, estamos que o número de produções originais da Netflix cresça ano a ano e em cada trimestre do ano que vem”, informou a empresa em carta aos acionistas após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre do ano passado.
Nesta semana, a Netflix anunciou um acordo para a produção de quatro filmes com ator americano Kevin Hart, que já havia trabalhado com a companhia no especial de stand-up comedy Zero F*cks Given, lançado em novembro e que se tornou o especial de comédia mais assistido na Netflix nos EUA. Hart é considerado um ator com forte potencial de bilheteria. A Netflix estima que as produções estreladas por ele renderam mais de 4 bilhões de dólares.
Parte desta estratégia tem relação com uma renovação de catálogo, já que mais de duas dezenas de seriados disponíveis na plataforma deverão ser encerrados em 2021. Entre as produções que aguardam suas últimas temporadas para este ano, estão nomes de sucesso como La Casa de Papel, Better Call Saul, Lucifer, F is For Famíly, entre outras. Mas este não é o principal motivo.
Ao mesmo tempo em que cresceu durante a pandemia do novo coronavírus, a Netflix entende que a quarentena também abriu espaço para que seus concorrentes chegassem graças a artifícios que talvez não estariam disponíveis em um mundo ideal (e não pandêmico). O fechamento das salas de cinema nos Estados Unidos, obrigando estúdios a lançarem filmes diretamente nas plataformas virtuais, é uma dessas cartas na manga das rivais da Netflix.
O lançamento de filmes como Wonder Woman 1984 e Hamilton diretamente nos streamings da HBO Max e Disney+ respectivamente são alguns exemplos. Mais recentemente, uma decisão da Warner de lançar novos filmes como Dune, Esquadrão Suicida, e Matrix 4, de forma simultânea no streaming e no cinema também deve impulsionar as assinaturas do HBO Max – uma decisão que já revolta empresas donas de sala de cinema nos Estados Unidos.
Ao disponibilizar os filmes por streaming, a Warner tenta criar outra forma de obter receita. Uma análise pelo Business Insider aponta que o estúdio pode perder 1,2 bilhão de dólares de receita em 2021 por conta das previsões pessimistas de faturamento das salas de cinema no ano que vem. A esperança da Warner é de que a HBO aumente seus assinantes no streaming, o que acresceria o valor recebido pelo estúdio e ajudaria a reduzir as perdas.
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Financeiramente, a Netflix obteve um bom ano em 2020 – o que já era de se esperar por conta da pandemia do novo coronavírus, que obrigou as pessoas a ficar mais tempo em casa e, por consequência, a utilizar com mais frequência serviços de streaming. Nos três primeiros trimestres do ano passado, a empresa comandada por Reed Hastings havia faturado 18,3 bilhões de dólares – 25% a mais do que nos primeiros nove meses de 2019. Para o quarto trimestre, a expectativa é de que a receita fique em 5,4 bilhões de dólares, conforme análise da Marketbeat.
Dados da consultoria Grand View Research apontam que o streaming vai movimentar 50 bilhões de dólares no mundo neste ano, 20,4% a mais do que em 2019. A previsão é de que a cifra alcance 184,2 bilhões de dólares em 2027.