mosquitos
Da Redação
Publicado em 5 de dezembro de 2014 às 16h09.
O Ministério da Saúde e a Vigilância Epidemiológica do Piauí estão concluindo a investigação do que pode ser o primeiro caso de febre do Nilo no Brasil. Exames iniciais, feitos em outubro indicaram que um agricultor de 52 anos, do município de Aroeiras do Itaim, no Piauí, tem o vírus, e os órgãos de Saúde estão recolhendo material de animais, na região para avaliar a situação do local.
Mas, de acordo com Marcelo Adriano Vieira, neurologista do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela, de Teresina, o caso ainda é considerado provável, pois protocolos internacionais indicam que devem ser feitos dois exames. Por isso, aguardam o resultado do segundo exame, feito pelo Instituto Evandro Chagas, no Pará, que será divulgado na próxima segunda-feira (8), pelo Ministério da Saúde.
Segundo Vieira, provavelmente um mosquito tenha sido infectado ao picar algum pássaro silvestre vindo de regiões endêmicas da África ou Ásia Ocidental. As aves migratórias, que de tempos em tempos trocam o frio do Hemisfério Norte pelo calor do Hemisfério Sul, são o principal reservatório do vírus identificado em Uganda, em 1937, que causa febre, dor de cabeça e, eventualmente, até problemas neurológicos.
O especialista explica que só as aves transmitem a doença para o mosquito, e este retransmite para pessoas, animais e outras aves. "Se o mosquito picar outras aves, o ciclo se perpetua; se picar uma pessoa ou equino, por exemplo, a doença para ali, porque são hospedeiros definitivos", segundo ele, adiantando que o vírus já foi identificado em dois frangos.
O neurologista explica que em 75% dos casos de contaminação humana pelo vírus da febre do Nilo, o organismo o elimina e a pessoa não sente nenhum sintoma. Em 24% dos casos, os sintomas são semelhantes aos da dengue (febre, dor de cabeça e no corpo). Só em 1% dos casos há comprometimento neurológico, com perda de movimentos, mas este sintoma pode ser revertido.
Em agosto, o agricultor piauiense sentiu dormências, dor de cabeça, náuseas e em seguida começou a sentir perda de forças, até culminar com a paralisação de todos os movimentos do corpo - só mexia a cabeça. Ele já recuperou o movimento dos braços e das pernas, mas ainda não tem forças para ficar em pé. Segundo Vieira, o paciente já está em casa e tem chances de voltar a andar.
Editor Stênio Ribeiro