Barack Obama (Getty Images)
Lucas Agrela
Publicado em 15 de junho de 2015 às 09h21.
Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, disse apoiar a criação de um sistema de votação eleitoral via internet, em uma entrevista concedida ao Fast Company, nesta segunda-feira (15).
Olhe para minhas filhas, que são, como todos os adolescentes de hoje, completamente fluentes em tecnologia e em mídias sociais. Elas podem não ir a uma reunião na prefeitura fisicamente, da forma como sua avó pode ter ido por causa de algum problema, e sentarem-se lá durante um debate de duas horas. Isso porque elas estão acostumadas com as coisas se movendo de forma mais rápida. Mas podemos imaginar a criação de um processo corolário para elas que seja consistente com a forma como elas interagem em geral. Podemos pensar em aplicativos que promovam o engajamento e empoderem o povo, declarou Obama, respondendo a uma pergunta sobre se as empresas de tecnologia deveriam priorizar a criação de um sistema de votação na internet.
Temos falado com a equipe do segmento digital dos EUA e tratado de temas como: Como podemos entregar melhores serviços para os cidadãos? Mas há outros aspectos deste processo que estamos tentando desenvolver. Queremos que a tecnologia ajude a moldar a política.
Obama não disse exatamente como esse sistema eleitoral online funcionaria e conduziu o restante de sua resposta para o fato de que a sociedade americana atual pode se beneficiar da tecnologia para fortalecer a democracia.
"Isso não é algo que vai acontecer num período de dois anos, quando acaba o meu mandato. A coisa mais importante que estamos fazendo é construir um plano de voo, um conjunto de tradições, em que as pessoas realmente inteligentes do setor privado podem entrar, e, esperançosamente, uma tradição segundo a qual o presidente reconheça que essa é uma ferramenta poderosa e que ele forneça o espaço para que essas pessoas possam trabalhar", contou Obama.
Votar online, apesar de ser algo raro, já é uma realidade. Desde 2005, a Estônia adotou o iVoting, que considerado inovador pela acessibilidade que oferece. Porém, o método não é livre de falhas. Em entrevista a INFO no ano passado, Mikko Hyppönen, diretor-executivo de pesquisas da F-Secure, afirmou gostar do sistema de votação usado no Brasil justamente por ele não estar ligado à internet.
No sistema de vocês, gosto do fato de que todos têm comprovantes físicos para mostrar que votaram [e não em quem votaram] é algo que falta nas máquinas de votação dos EUA. Também gosto do fato de vocês não votarem online, algo que a Estônia tem feito desde 2005, por exemplo, disse Hyppönen. O sistema de votação estoniano foi elogiado como um ótimo exemplo, mas ele foi estudado pela primeira vez só agora por um grupo internacional de pesquisadores, que descobriram diversos problemas técnicos.