Redator na Exame
Publicado em 28 de outubro de 2024 às 10h31.
A Apple enfrentou um revés significativo ao ter a venda do iPhone 16 proibida na Indonésia. A decisão do governo indonésio foi fundamentada no descumprimento da exigência de investimento local mínimo, essencial para a obtenção da certificação de "conteúdo local" para smartphones. A empresa já havia assumido o compromisso de investir no país, mas o valor destinado até agora foi considerado insuficiente pelas autoridades. As informações são do Financial Times.
De acordo com o Ministério da Indústria da Indonésia, o iPhone 16 não atendeu ao critério de ter 40% de seu conteúdo produzido localmente, um requisito destinado a atrair investimentos externos e fomentar o setor de tecnologia no país. Essa política é vista como uma maneira de fortalecer a economia local, além de impulsionar o desenvolvimento de infraestrutura e capacitação de profissionais. “Os iPhones importados por distribuidores registrados não podem ser vendidos até que a Apple cumpra seu compromisso de investimento e atinja o nível de conteúdo local exigido,” afirmou o ministério.
A Indonésia, que possui mais de 280 milhões de habitantes e uma base ativa de 354 milhões de dispositivos móveis, é um mercado importante para produtos tecnológicos. A proibição, contudo, surge em um momento em que o país também enfrenta desafios para alinhar suas regulamentações às diretrizes comerciais globais. A exigência de conteúdo local tem atraído críticas por ser uma medida protecionista, o que afastou alguns investidores estrangeiros nos últimos anos.
O governo indonésio já havia solicitado à Apple um investimento local de 1,71 trilhão de rupias (aproximadamente R$ 617 milhões), dos quais a empresa investiu até agora apenas 1,48 trilhão de rupias. A proibição ocorre logo após a posse do novo presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, que afirmou ser a favor de políticas de incentivo ao investimento estrangeiro. No entanto, em contraste, a medida de banir as vendas do iPhone 16 visa pressionar a Apple a intensificar sua participação local, com uma produção que atenda às normas do governo.
Anteriormente, o presidente anterior, Joko Widodo, adotou políticas de valorização das exportações indonésias, como a proibição de exportação de minério de níquel para forçar empresas a investir em infraestrutura e processamento no país. A Apple, que atualmente opera quatro academias de desenvolvedores na Indonésia, ainda não possui fábricas ou centros de pesquisa no local.
Embora a Apple tenha expressado anteriormente o interesse em estudar uma possível expansão local, a empresa até agora não fez compromissos formais de investimento em fábricas ou centros de P&D. Essa proibição representa um alerta para a Apple, que pode precisar revisar sua abordagem de negócios na Indonésia e em outros mercados com regulamentações similares. A nova administração indonésia vê na chamada “descida de cadeia” — estratégia de agregar mais valor internamente aos produtos — uma forma de potencializar sua economia e reduzir a dependência de importações.