Cefalópodes: polvos e lulas têm rápida capacidade de adaptação às mudanças no meio ambiente. (Thinkstock)
Vanessa Barbosa
Publicado em 24 de maio de 2016 às 18h32.
São Paulo - Ao contrário das populações de peixes, que estão em declínio nos oceanos, o número de cefalópodes — que inclui moluscos marinhos como polvos, lulas e chocos — tem aumentado ao longo dos últimos 60 anos. Mas os cientistas não fazem ideia do porquê.
A constatação é de um estudo internacional liderado por pesquisadores da Universidade de Adelaide, na Austrália, e publicado na revista científica Current Biology. Os cefalópodes são frequentemente chamados de "ervas daninhas do mar", por terem um conjunto único de características biológicas, como crescimento rápido, expectativa de vida curta e desenvolvimento flexível.
"Essas características permitem sua adaptação às mudanças das condições ambientais (como temperatura) de forma mais rápida do que muitas outras espécies marinhas, o que sugere que eles podem estar se beneficiando de um ambiente oceânico em mudança", explica o principal autor da pesquisa, Dr. Zoë Doubleday.
A descoberta surpreendeu os pesquisadores. De saída, eles buscavam averiguar uma aparente diminuição no número do choco gigante australiano, um molusco bem simbólico daquele país.
Para determinar se a redução ocorria em outros lugares, eles compilaram dados em escala global. Surpreendentemente, as análises globais revelaram que os cefalópodes, como um todo, estão aumentando.
Os cientistas suspeitam que as mudanças em larga escala no ambiente marinho provocadas pelas atividades humanas podem estar dirigindo o aumento mundial dos cefalópodes.
"Os cefalópodes são um grupo ecológica e comercialmente importantes de invertebrados que são altamente sensíveis às mudanças no meio ambiente. Estamos investigando o que pode estar causando essa proliferação, o aquecimento global e a pesca excessiva de certas espécies de peixes são duas teorias", acrescenta o pesquisador Bronwyn Gillanders.
Cefalópodes são encontrados em todos os habitats marinhos e, além de serem predadores vorazes, eles também são uma fonte de alimento para muitas espécies marinhas, assim como para os seres humanos.
Por isso, segundo os cientistas, o aumento em abundância das populações de cefalópodes tem implicações significativas e complexas, tanto para a cadeia alimentar marinha quanto para nós, e demanda novas pesquisas para determinar o que está por trás desse processo.