Um total de 102 milhões de unidades da primeira versão do PlayStation foram vendidas (LOU BENOIST/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 29 de novembro de 2024 às 15h48.
Última atualização em 29 de novembro de 2024 às 15h49.
Em 3 de dezembro de 1994, o PlayStation começou a ser vendido no Japão, a primeira incursão da Sony no mercado de videogames, na época dominado pela Sega e pela Nintendo.
O console foi um sucesso mundial, especialmente entre um público mais adulto, o que levou a empresa japonesa ao posto de líder do setor.
Mas, na realidade, tudo começou com uma disputa entre Sony, que estava em alta desde a invenção do Walkman, e a empresa líder de mercado no início dos anos 1990, a Nintendo.
As duas empresas planejavam uma parceria para lançar um 'CD player' compatível com o console Super Nintendo. Mas o projeto fracassou quando o grupo responsável pela criação do personagem Mario mudou de rumo e estabeleceu uma parceria com a empresa holandesa Philips.
"A Sony se viu em uma posição humilhante e decidiu lançar o 'Play Station' (nome do protótipo desenvolvido para a Nintendo) como um console independente", explica Hiroyuki Maeda, especialista japonês na história dos videogames.
Consciente de sua falta de experiência, a fabricante de equipamentos eletrônicos buscou os jovens adultos como público alvo, em parte por meio de campanhas publicitárias não convencionais.
"É um público com maior poder aquisitivo que as crianças, que costumavam ser o principal alvo dos consoles da Nintendo", destaca Philippe Dubois, presidente da associação francesa para a preservação do patrimônio digital, M05.
Com a capacidade de reproduzir CDs de áudio, o aparelho poderia atrair usuários além do âmbito dos jogos eletrônicos. A abordagem de marketing foi retomada com o PlayStation 2 e seu 'DVD player' e, posteriormente, com o PS3 e seu leitor de Blu-Ray.
"O surgimento do mercado adulto de videogames foi impulsionado pelo PlayStation", enfatiza Dubois.
Para Hiroyuki Maeda, "o PlayStation mudou a história dos videogames. Transformou tudo: hardware, software, distribuição e marketing".
A mudança de abordagem também foi acompanhada por uma revolução tecnológica. "Para muitos jogadores, foi uma porta de entrada para a principal evolução de meados dos anos 90: a transição para o 3D", afirma Dubois.
Jogos de esportes, luta, corridas... Muitos estúdios apostaram no console da Sony para experimentar com a nova tecnologia, atraídos pelos programas de desenvolvimento mais econômicos que os da concorrência e pelo formato CD, ainda incomum e com maior capacidade de armazenamento que os cartuchos.
A "febre do 3D" gerou clássicos como "Tomb Raider" (1996), "Resident Evil" (1996) e "Final Fantasy VII" (1997).
A Sony conseguiu superar amplamente suas expectativas: a empresa, que buscava ao menos um milhão de vendas para cobrir os custos de desenvolvimento, acabou vendendo mais de 102 milhões de unidades.
"[O PlayStation] mudou o panorama do mundo dos videogames", insiste Dubois. "Gerou várias revoluções importantes que moldaram o mercado atual e que, sem ele, teriam sido totalmente diferentes".
O coquetel único de tecnologia, conteúdo e inovação foi "um milagre", resume Hiroyuki Maeda.
O impacto continua vivo na mente dos criadores atuais.
"É o primeiro console do qual tenho memórias de jogos que me marcaram e que agora me inspiram", conta Bastien Giafferi, desenvolvedor francês do sucesso independente "The Operator".
O legado também é evidente nos sucessores do console, que chegou à quinta geração. No início de novembro, a Sony lançou uma versão Pro - mais potente - do PlayStation 5, ao lado de uma linha de produtos de edição limitada que homenageiam a cor cinza do console original.
"Os hábitos, os jogos, as marcas, os ícones... Tudo que lançou a nível cultural nos jogos, acredito que não terá equivalente", lamenta Dubois, que prevê o desaparecimento dos consoles no futuro, que serão substituídos pelo streaming dos jogos online.