David Vélez: fundador da Nubank aposta em uma maior democratização do setor financeiro com a chegada do PIX (Bloomberg/Getty Images)
Rodrigo Loureiro
Publicado em 25 de julho de 2020 às 08h00.
Última atualização em 25 de julho de 2020 às 12h06.
O PIX vai transformar positivamente o mercado de pagamentos tanto para os consumidores como para o setor financeiro em si. Quem diz isso é David Vélez, fundador e responsável pelas operações do Nubank, um dos principais bancos digitais do Brasil. Para ele, a chegada da plataforma de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC) só tende a favorecer o consumidor com a chegada de mais competidores no mercado.
No anúncio feito na quinta-feira (23), o BC alterou a data de lançamento da nova plataforma de pagamentos para o dia 5 de outubro. A partir desta data, os clientes bancários já poderão criar suas próprias “chaves” – mecanismos de autenticação que irão substituir os dados relacionados às contas que possuem. A antecipação da data agradou o mercado, principalmente os setores que tentam se sobressair na competição contra os grandes bancos.
Nesta seara estão startups como o Nubank. O banco digital que já recebeu mais 1,1 bilhão de dólares em aportes e está avaliado em mais de 10,4 bilhões de dólares é um dos principais rivais de bancos mais tradicionais como Bradesco, Itaú e Santander. No começo de julho, a fintech revelou que atingiu 25 milhões de clientes na América Latina com uma média de 42 mil novos entrantes por dia o longo do primeiro trimestre deste ano.
Com o PIX, as transferências de dinheiro de uma conta para outra não serão mais restritas aos DOCs e TEDs, que tem um custo de até 15 reais por transferência, levam dias para serem realizadas e só podem ser feitas durante um rígido horário comercial bancário. Com o PIX, as transferências acontecem 24 horas por dia, 7 dias por semana ao custo de centavos.
“Além de tornar mais rápido e prático o ato de fazer pagamentos e transferências, ele vai baratear o processamento de pagamentos para todos os participantes, permitindo a chegada de novos entrantes no setor”, diz Vélez. De acordo com ele, esse aumento na competição beneficia o consumidor que ganha mais opções na hora de realizar as transações. Pode ser a oportunidade de ouro para algumas startups.
Entre as quase mil instituições que já se cadastraram para operar com o PIX, Nubank está aderindo como participante direto, sem intermediários financeiros ou tecnológicos, o que permitirá “oferecer soluções próprias desde o início”. Vélez afirma também que a flexibilidade proporcionada pelo PIX permitirá seu banco crie mais mecanismos digitais para seus clientes. “Podemos ir além do aprimoramento das funcionalidades tradicionais de pagamento.”
Outro ponto abordado pelo empresário colombiano foi a ampliação da digitalização e da inclusão financeira graças aos meios de pagamentos digitais instantâneos. Vélez aponta que o PIX vai permitir manter a aceleração que a pandemia causou na adoção destes instrumentos financeiros.
Uma pesquisa da consultoria Roland Berger pode ser utilizado para embasar este argumento. Segundo o estudo, o PIX deve acelerar o uso de pagamentos por QR Code – tecnologia de leitura de dados – no Brasil. “Abre-se espaço para uma revolução no mercado de pagamentos que, embora de forma silenciosa, teve o seu início com a covid-19”, informa o relatório.