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Da Redação
Publicado em 28 de março de 2014 às 19h46.
O climatologista britânico Philip D. Jones, acusado de ser o pivô do episódio conhecido como "Climategate", admitiu em entrevista à revista Nature nesta semana que ele negligenciou uma pesquisa sobre mudanças climáticas assinada com o seu nome no periódico científico. Basicamente, o estudo fazia uma distinção das estações meteorológicas de acordo com a localização (zona rural ou urbana).
Esse trabalho serviu de base para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês) fazer observações sobre o impacto ambiental provocado pelo processo de urbanização. Questionando os dados apresentados por Jones, alguns críticos levantaram suspeitas sobre o método que ele usou para separar as estações meteorológicas.
O IPCC já assumiu publicamente o erro de ter afirmado que o derretimento do Himalaia poderia ocorrer até 2035, segundo pesquisa feita por Jones. O governo holandês aproveitou a situação embaraçosa para reclamar que outras informações apresentadas pelo Painel - como a que 55% do território da Holanda estão abaixo do nível do mar - são equivocadas.
Em sua defesa, porém, Jones disse à revista Nature que não tinha conhecimento de que os locais das estações incluídos em seu artigo eram duvidosos. Assim, assumindo a responsabilidade do deslize, o climatologista afirmou que precisa pensar se apresentará uma correção ao periódico.
No fim do ano passado, antes da conferência climática de Copenhague, na Dinamarca, Jones foi alvo de uma polêmica conhecida como "Climategate". O episódio eclodiu quando centenas de e-mails trocados entre pesquisadores da Universidade de East Anglia e o IPCC vieram a público.
Segundo alguns críticos, uma das mensagens assinadas pelo cientista britânico sugeriria que ele queria excluir alguns documentos da avaliação da ONU sobre o clima, o que levantaria suspeitas quanto à tentativa de manipulação de dados sobre o aquecimento global. O escândalo afastou Jones do seu cargo de diretor da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia.
Em entrevista à rede britânica BBC, no dia 13 de fevereiro, o climatologista confessou que faltou para a sua equipe a capacidade de organização da pesquisa encomendada pela ONU. "Nosso trabalho não foi tão bom quanto deveria ser", disse.
O cientista ainda acrescentou que, desde o fim do ano passado, a sua vida pessoal "tem sido terrível", mas, independente de tudo, ele tem "tentado seguir em frente com as suas pesquisas". Pelo menos até o momento em que Jones conseguir suportar a pressão de seus críticos, que estão pedindo a sua cabeça.