Inovação (sxc.hu)
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2014 às 05h55.
O que há de novo na discussão sobre inovação? Essa foi a pergunta que muitos participantes se fizeram durante 14ª Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, promovida nos dias 28 e 29 de abril, em São Paulo.
A Anpei é a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras, constituída oficialmente em abril de 1984. Uma das apresentações feitas na conferência trouxe parte da resposta que muitos esperavam. Foi o painel "Mapa do Sistema Brasileiro de Inovação", produzido pelo Comitê de Interação ICT-Empresa e pelo Comitê de Fomento, da Anpei, e exposto por Leonardo Garnica.
"Trata-se de um mapa dos atores do sistema de inovação brasileiro, com a indicação dos principais fluxos existentes entre eles. É um mapa representativo de um conjunto de relações", disse Garnica, que é coordenador do Comitê ICT-Empresa à Agência FAPESP.
Foram mapeados 16 atores estruturantes do sistema de inovação em 12 estados brasileiros, entre eles, empresas (grandes, pequenas e startups), órgãos governamentais (nas áreas de fomento, infraestrutura e educação), institutos de ciência e tecnologia públicos e privados (ICTs, nas áreas de conhecimento, infraestrutura e redes temáticas), organizações da sociedade civil (organizações não governamentais, organizações sociais e entidades de classe), habitats ou entidades de suporte à inovação empresarial (consultorias, incubadoras de empresas, núcleos de inovação tecnológica e parques tecnológicos).
Também foram considerados o grau de proximidade, os fluxos de interação (geração de conhecimento, trânsito de profissionais, transferência de tecnologia, financiamento, articulação institucional etc.) e a intensidade do relacionamento (baixa, média, elevada e mais elevada) existentes entre eles.
"Com base nesses parâmetros, elaboramos uma pesquisa, que foi disparada para as mais de 10 mil instituições associadas à Anpei. Cada instituição pesquisada devia preencher 15 campos, que possibilitavam definir claramente o seu perfil e estabelecer com que outros atores ela mais se relacionava. E, ao final, responder que mudanças precisavam ocorrer no sistema brasileiro de inovação para que ele correspondesse melhor às suas expectativas", explicou Garnica.
"Processando as informações recebidas, verificamos que o núcleo duro do processo de inovação é constituído por órgãos governamentais na área de fomento, empresas grandes, ICTs na área de conhecimento, NITs [núcleos de inovação tecnológica] e entidades de classe", informou o coordenador.
"Já as empresas startups, que são molas de uma inovação mais rápida e de alto impacto, ainda estão afastadas desse núcleo. E é desejável que elas ocupem posição mais próxima do centro do processo", disse.
No ranking das mudanças desejadas, ficou em primeiro lugar a redução da burocracia (22%), seguida da construção intersetorial, isto é, a formulação de agendas integradas envolvendo diferentes atores do sistema de inovação para focos estratégicos ao desenvolvimento do país (21%).
"A pesquisa ainda está em curso. O que apresentamos na 14ª Conferência foi apenas um recorte. E convidamos todos os participantes a divulgarem as perguntas e adensarem as respostas, para que possamos ter um mapa mais representativo", disse Garnica.
"Na evolução desse trabalho, vislumbramos a possibilidade de incorporar aspectos funcionais ao mapa, para facilitar a identificação de recursos financeiros e humanos existentes, bem como temas de interesse em ciência e tecnologia", disse.
A 14ª Conferência Anpei teve um "Momento FAPESP", com painéis e apresentação de casos, que foi aberto por Sérgio Queiroz, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador adjunto da área de Pesquisa para Inovação da FAPESP.