Tecnologia

Para reguladores, gigantes da tecnologia não têm mais o direito de quebrar

A constatação parte de que as maiores companhias de tecnologia do mundo se tornaram o coração dos sistemas bancários

Logos de gigantes da tecnologia em aplicativos de celular 
03/12/2019
REUTERS/Regis Duvignau (Regis Duvignau/Reuters)

Logos de gigantes da tecnologia em aplicativos de celular 03/12/2019 REUTERS/Regis Duvignau (Regis Duvignau/Reuters)

Mais de uma década depois da crise financeira, órgãos reguladores estão assustados mais uma vez que algumas empresas no coração do sistema financeiro sejam grandes demais para falir. Mas elas não são bancos.

Desta vez, são os gigantes de tecnologia, incluindo Google, Amazon e Microsoft, que hospedam operações bancárias, de seguros e mercados cada vez maiores em suas vastas plataformas de internet por nuvem, que estão impedindo que os órgãos supervisores durmam à noite.

Fontes de banco central disseram à Reuters que a velocidade e a escala com as quais instituições financeiras estão transferindo operações críticas, como sistemas de pagamento e internet banking, para a nuvem é uma mudança drástica aos potenciais riscos.

“Estamos apenas no começo da mudança de paradigma, portanto precisamos assegurar que temos uma solução adequada”, disse um regulador financeiro de um país do G7.

É o último sinal de como reguladores financeiros estão se juntando a seus correspondentes em dados e concorrência para analisar mais de perto a influência global das big techs.

Bancos e empresas de tecnologia avaliam que o uso maior da computação em nuvem é bom para todos os lados porque resulta em serviços mais rápidos e mais baratos que são mais resistentes a hackers e interrupções.

Mas fontes regulatórias afirmam que têm medo que uma falha em uma empresa de nuvem possa derrubar serviços-chave em vários bancos e países, impedindo que consumidores façam pagamentos ou acessem serviços e minando a confiança no sistema financeiro.

A Departamento do Tesouro dos EUA, a União Europeia, o Banco da Inglaterra e o Banco da França estão entre as entidades que reforçam o escrutínio à tecnologia da nuvem para mitigar os riscos de bancos dependendo de pequenos grupos de empresas de tecnologias e empresas que ficam “presas” a um provedor de nuvem, ou excessivamente dependentes dele.

“Estamos muito alertas ao fato de que coisas vão falhar”, disse Simon McNamara, diretor-administrativo do banco britânico NatWest. “Se dez organizações não estão preparadas e estão conectadas em um provedor que desaparece, então todos nós temos um problema”.

O Banco Central Europeu, que regula os maiores credores da zona do euro, afirmou na quarta-feira que o gasto do banco em computação de nuvem cresceu em mais de 50% em 2019 em relação a 2018.

E esse é apenas o começo. O gasto de bancos com serviços de nuvem globalmente deve mais do que dobrar, para 85 bilhões de dólares em 2025, de 32,1 bilhões em 2020, segundo dados que a empresa de pesquisas em tecnologia IDC compartilhou com a Reuters.

Reguladores temem que falhas na nuvem possam fazer com que sistemas bancários caiam e impeçam pessoas de acessar seu dinheiro, mas dizem que têm pouca visibilidade sobre os provedores de nuvens.

Mês passado, o Banco da Inglaterra afirmou que as grandes empresas de tecnologia poderiam ditar os termos e condições para empresas financeiras e não estavam sempre fornecendo informações suficientes para que seus clientes monitorassem o risco e que o “mistério” tinha que terminar.

Bancos e empresas de tecnologia contestam a indicação de que a adoção mais ampla da nuvem está tornando a infraestrutura do sistema financeiro inerentemente mais arriscado.

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