Cantareira (Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2014 às 06h39.
Especialistas em engenharia hidráulica ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo afirmam que a adoção do rodízio de água na região abastecida pelo Cantareira aumentaria o volume de água que já é economizado pela Sabesp, mas concordam que a medida, pelos prejuízos que seriam impostos à população, já não é a melhor opção.
"Com o rodízio poderíamos economizar mais água do Cantareira, mas não é uma conta simples de fazer. Portanto, é difícil saber se compensaria diante do transtorno que ele leva para a população e para a própria Sabesp", afirma Antonio Eduardo Giansante, mestre em Engenharia Hidráulica e Saneamento e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Segundo ele, se o rodízio de 48 horas com e 24 horas sem água fosse adotado hoje, a Sabesp continuaria economizando 3,6 mil litros por segundo com o remanejamento de água de outros sistemas, mas perderia a redução de 1,6 mil litros obtida com a diminuição da pressão noturna, porque ela se tornaria inviável em um esquema de cortes de abastecimento e poderia sofrer impacto negativo em relação à economia da população.
"Normalmente, em um cenário de rodízio, no dia em que tem água a população corre para estocar em vários reservatórios, até por precaução. Isso pode diminuir a economia obtida hoje. Por isso, com todos os riscos sanitários, de contaminação da rede quando ela está fechada, o rodízio deve ser a última instância", diz Giansante.
Para o professor Jorge Giroldo, de Engenharia Mecânica do Centro Universitário da FEI, muitas medidas já adotadas pela Sabesp hoje são compatíveis com um rodízio, mas o ganho adicional que o racionamento traria seria pequeno. "A parte positiva dessa crise foi a conscientização da população de que a água deve ser consumida racionalmente. Não sei se o rodízio tivesse sido adotado antes as pessoas teriam se educado dessa forma. Então, hoje, embora pudéssemos economizar um pouco mais com o rodízio, acho que não vale a pena adotá-lo."
Futuro
Para Giroldo, a Sabesp deve aguardar o início da próxima temporada de chuvas, em outubro, para observar se a pluviometria volta ao normal. "Se a estiagem permanecer, aí não haverá opção ao racionamento", completa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.