Redação Exame
Publicado em 26 de abril de 2023 às 14h10.
Última atualização em 26 de abril de 2023 às 14h16.
*Por Fernanda Siqueira
O extenso crescimento do volume de tráfego de dados na nuvem faz com que o consumo de energia elétrica nos data centers aumente progressivamente. Isso acontece pois eles são responsáveis pelo armazenamento, processamento e distribuição de informações em larga escala.
Consequentemente, as provedoras desses centros de dados se veem estimuladas a buscar alternativas sustentáveis e, em vista disso, a energia renovável se mostra uma excelente solução.
Para contextualizar o setor, dados recentes da Agência Internacional de Energia (IEA) indicam que os data centers consomem aproximadamente 200 terawatts-hora (TWh) de eletricidade. Isso equivale a aproximadamente 1% da demanda global de eletricidade.
Com todo esse consumo, essas estruturas contribuem com cerca de 0,3% de todas as emissões globais de CO2 – no ponto de vista prático, isso é bastante coisa.
Entretanto, o processo de migração da energia tradicional, proveniente de combustíveis fósseis, para a energia de fontes renováveis não é simples. Ainda há muitos investimentos a serem feitos – e é essencial que o cenário político e econômico esteja favorável para atrair investimentos nacionais e estrangeiros em projetos renováveis para o país.
Além disso, a América Latina é uma região muito rica em recursos eólicos e solares. De acordo com relatório da Global Energy Monitor (GEM), “a região está posicionada para aumentar sua capacidade de produção de energia solar e eólica em larga escala em mais de 460% até 2030”.
O Brasil, por sinal, é um dos principais beneficiados pela exposição solar, o que também contribui para uma maior facilidade de acesso – ou seja, o momento é perfeito para os data centers olharem para essa migração.
Mas como realizar essa migração? As provedoras de data centers precisam se conscientizar a respeito da importância de adiantar as medidas necessárias. O primeiro passo para isso é estruturar a operação com o intuito de promover uma maior eficiência energética, e pensar nisso desde a etapa de projeto.
Nesse sentido, deve-se desenvolver toda uma cadeia de tecnologias verdes, isto é, que promovam o uso mais eficiente possível de energia elétrica.
Para promover essa eficiência, é possível adotar sistemas de condicionamento de ar em circuito fechado, bem como soluções de resfriamento interno com o uso da baixa temperatura exterior em dias mais frios. O uso do resfriamento externo contribui amplamente para a redução do consumo elétrico.
Com o gerenciamento energético mais adequado, o próximo passo é buscar parcerias privadas para viabilizar e facilitar o acesso aos recursos renováveis que potencializarão esse consumo de energia.
O ideal é substituir por completo o uso das fontes tradicionais pelas fontes renováveis como solar e eólica, reduzindo, assim, a pegada de carbono
E com contratos de longo prazo, essas fontes podem garantir um suprimento constante de energia para os data center.
Para se ter uma ideia, o uso de combustíveis fósseis resulta em lançamentos significativos de dióxido de carbono na atmosfera, um dos principais gases que provocam o efeito estufa, que é responsável pelas mudanças climáticas. No entanto, a substituição pela energia renovável elimina essas emissões.
Além de ser uma questão de responsabilidade ambiental, esse modelo também pode proporcionar economia financeira para empresas.
Desse modo, as fontes de energia limpa podem reduzir significativamente os custos operacionais e de manutenção de infraestruturas de TI, além de estimular o desenvolvimento de novas tecnologias.
Para os data centers, esses benefícios são ainda mais intensificados, afinal, estamos falando de um mercado que demanda bastante energia elétrica para as suas operações.
Dito isso, esses recursos renováveis possibilitam maior independência energética e acesso expandido às fontes limpas para comunidades remotas, costeiras ou insulares – ou que não estejam conectadas à rede.
Quando se fala em consumo elétrico em data centers, logo se pensa nos impactos ambientais das operações. Com o aumento da digitalização e das mudanças climáticas, é fundamental dispor de fontes de energia de zero carbono.
Por conta disso, os data centers precisam avaliar o quanto antes a adoção dessas alternativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, melhorar a eficiência operacional, fortalecer a resiliência empresarial e, claro, demonstrar o seu compromisso efetivo com a agenda ESG.