Ambas as redes surgiram como projetos de universitários (Coletivo Mambembe / Flickr)
Da Redação
Publicado em 18 de maio de 2012 às 14h57.
São Paulo - Sim, o Orkut está nas últimas. Mas a situação poderia ser diferente hoje se o Google tivesse levado sua primeira rede social a sério. Talvez o site hoje valesse bilhões, como o Facebook.
Pouca gente sabe, mas os dois rivais nasceram na mesma época. Enquanto o Facebook foi fundado em 4 de fevereiro de 2004, o Orkut nasceu em 24 de janeiro de 2004 – ou seja, com cerca de duas semanas de vantagem. Se o Google tivesse investido pesado no Orkut desde o início e montado um time como o do Google+, a rede social provavelmente teria conseguido se tornado popular em todo o planeta. Naquele ano, o Google já era uma grande empresa, enquanto o Facebook dava os primeiros passos de uma startup.
No primeiro semestre de 2004, Larry Page e Sergey Brin preparavam-se para o IPO do Google. A oferta pública de ações ocorreu em agosto daquele ano e captou US$ 1,67 bilhão, estabelecendo para a companhia um valor de mercado de US$ 23 bilhões. Enquanto isso, o Facebook começava a batalhar por recursos. Em maio de 2004, recebeu o seu primeiro investimento, de US$ 500 mil, dado por Peter Thiel. Em junho, um mês antes do IPO do Google, o investidor Sean Parker tornou-se presidente da companhia e ajudou a instalá-la em Palo Alto, no Vale do Silício (Califórnia).
Há mais coincidências. Ambas as redes surgiram como projetos de universitários. O Facebook começou na Universidade Harvard. Já o Orkut nasceu em Stanford, como uma ideia do futuro engenheiro de software Orkut Buyukkokten. Ele resolveu trabalhar com redes sociais em 2000, e, um ano depois, lançou um serviço dentro da universidade, o Club Nexus. Tempos depois, criou outro, chamado inCircle. Quando se tornou funcionário do Google, resolveu se dedicar a montar uma rede social de grande escala. Para conseguir isso, usou os 20% de tempo em que os empregados podem desenvolver projetos pessoais.
Tanto o Orkut como o Facebook começaram como redes fechadas. No primeiro só era possível participar por meio de convites, o que gerava disputas acirradas. O segundo também era restrito no início, seguindo o modelo exclusivista dos clubes universitários. Mas, desde o início, ficava claro que o propósito dos dois era bem diferente. O Orkut funcionava de modo experimental e, apesar do empenho do seu fundador, o Google não tinha muitas ambições em relação ao serviço. Bugs eram constantes e dificilmente criavam-se novos recursos. O Facebook queria se tornar grande e trabalhava, desde o começo, em ritmo frenético, incorporando funcionalidades e tentando, sempre, melhorar a interface. Tinha, portanto, mais foco.
O tempo passou e os dois seguiram caminhos distintos. O Orkut tornou-se muito popular na Índia e no Brasil e foi abandonado no resto do planeta, enquanto o Facebook começou a se expandir nos Estados Unidos e só mais tarde conquistou usuários em outros países. Ao mesmo tempo em que o serviço inventado por Zuckerberg firmava-se como uma empresa global, o Google repassava o Orkut para a equipe de desenvolvimento do Google Brasil, bem menor do que a da sede e com muito menos recursos financeiros.
Larry Page e Sergey Brin não davam muita bola para redes sociais. Subestimaram sua importância. Quando perceberam que Mark Zuckerberg tinha nas mãos um monstro capaz de engolir a web, era tarde. O jeito foi começar tudo de novo e criar o Google+.