torre (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de outubro de 2014 às 18h14.
Depois de ultrapassar o limite da franquia de dados, clientes das principais operadoras do Brasil têm as velocidades de conexão drasticamente reduzidas mas ainda conseguem manter os smartphones conectados e trocar mensagens no WhatsApp, por exemplo. Só que esses planos de internet ilimitada parecem estar com os dias contados: segundo reportagem desta segunda-feira do jornal O Globo, as operadoras Vivo, TIM, Oi e Claro passarão, em breve, a cortar a conexão de seus usuários que extrapolarem na navegação.
No entanto, a ideia não é impedi-los de navegar, e sim começar a oferecer novos planos no caso da Vivo, a empresa que abrirá a temporada de alterações, um de 50 MB, que custa 3 reais e vale por uma semana, por exemplo. As mensagens com as ofertas serão enviadas aos usuários assim que a cota for excedida, e bastará respondê-las para ativar o acréscimo e navegar com velocidade alta e não a 32 Kbps, como acontece hoje.
Conforme relatado pelo Tecnoblog no começo do mês, a mudança na estratégia começa a valer já no início de novembro, como mostra esta captura de tela. Ela afetará, inicialmente, apenas usuários do pré-pago, que têm à disposição três pacotes de internet diferentes: um de 40 MB por semana e outros dois, mensais, de 200 MB e 400 MB.
Clientes em Minas Gerais e Rio Grande do Sul serão os primeiros a notar a alteração, segundo O Globo. E nos meses seguintes, a operadora pretende estender essas modificações a outros estados e também a usuários de planos pós-pagos, enquanto TIM, Oi e Claro deverão lançar planos similares em breve, de acordo com fontes ouvidas pelo jornal.
Por que acabar? Um diretor da Oi entrevistado pela publicação afirma que a mudança segue uma tendência mundial, o que não deixa de ser verdade. A operadora norte-americana AT&T, por exemplo, foca hoje na oferta de planos com limite de dados mas bem mais altos do que os oferecidos hoje pelas marcas brasileiras, chegando a 100 GB mensais no plano mais caro de internet compartilhada, contra 6 GB da Vivo. No pré-pago, são 60 dólares mensais para 2,5 GB e mais 10 dólares para um giga a mais no limite de dados. A concorrente Verizon segue a mesma linha, e cobra, normalmente, 10 dólares por GB acima da cota mensal do pós-pago.
O mesmo executivo da operadora brasileira ainda explica que a redução na velocidade visa até agradar aos clientes. Segundo ele, os assinantes têm uma experiência ruim e começam a ver as empresas com maus olhos quando navegam lentamente, e ao oferecer uma cota extra por um acréscimo no preço, é claro , isso deve acabar. A ideia de aumentar a receita arrecadada com internet móvel também deve entrar na lista, de acordo com o jornal, já que hoje ela representa apenas 29% do total das empresas do ramo, contra 68% do Japão.
Ainda assim, a diferença de preços e limites de dados é gigante se compararmos o que é oferecido lá fora com o que é apresentado pelas operadoras daqui. Ou seja, apesar de seguir uma moda, as alterações feitas pelas empresas brasileiras precisarão ser seguidas de uma gritante melhora na infraestrutura de rede ainda falha em muitas regiões, inclusive centrais e também nas ofertas de planos, hoje relativamente caros.
Alternativas e o 0800 Se você tiver excedido a cota mensal ou semana após as mudanças entrarem em vigor, não haverá muito que fazer além de correr para uma área com coberta Wi-Fi, pagar pelo extra ou assinar um plano mais caro e com limite maior. Mas iniciativas como o 0800 Dados devem, futuramente, garantir acesso ao menos a serviços essenciais, como bancos e sites governamentais mas nada de WhatsApp, provável e infelizmente.
Revelado há dois anos, o projeto tem envolvimento de órgãos do governo e da fabricante de chips Qualcomm, que o discutiu com um grupo de jornalistas, inclusive de INFO, na última Futurecom. Vice-presidente executivo da empresa, Cristiano Amon explicou na conversa que a ideia da ação pioneira no mundo é fomentar a inclusão digital algo que, por consequência, acaba expandindo o mercado de smartphones. Acho que em alguns anos teremos serviços privados e públicos seguindo o conceito, disse o executivo, que citou o banco Bradesco como exemplo de instituição envolvida.
Fora isso, a operadora Claro já dá acesso gratuito a redes sociais como Facebook e Twitter em sua rede de internet móvel. Enquanto isso, a TIM permitirá aos clientes usarem o TIMmusic by Deezer sem que o serviço de streaming de música que já cobra pela assinatura mensal interfira no limite de dados, para ficar em dois exemplos mais conhecidos.
A Vivo, primeira da lista de operadoras a modificar os planos, prometeu à reportagem dO Globo que avisará antes os clientes sobre a alteração na assinatura de internet. E segundo o jornal, é bom mesmo que o faça, porque a legislação atual já exige que alertas assim sejam dados com pelo menos 30 dias de antecedência.