floresta (©afp.com / WILLIAM WEST)
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2013 às 06h38.
Os incêndios florestais estão "absolutamente" ligados ao aquecimento global e a ondas de calor cada vez mais intensas, informou a máxima autoridade em clima da ONU, em um momento em que a Austrália luta para evitar um 'mega incêndio' nos arredores de Sydney.
As declarações vieram à tona em um momento de acalorado debate na Austrália sobre a existência de um vínculo entre o aquecimento global e os incêndios, uma vez que o premier australiano, Tony Abbott, um cético do clima, chegou a descrever a ciência que atribui as alterações nas temperaturas do planeta às atividades humanas como uma "idiotice absoluta".
Consultada em uma entrevista à emissora CNN se existia um vínculo entre o clima e os incêndios florestais, a secretária executiva da Convenção-quadro sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), disse, "sim, existe totalmente".
Mas, prosseguiu, "a Organização Meteorológica Mundial não estabeleceu um vínculo direto entre este incêndio e as mudanças climáticas. Ainda".
"Mas o que é absolutamente claro é que a ciência nos diz que há um aumento de ondas de calor em Ásia, Europa e Austrália, que elas vão se manter em intensidade e frequência", prosseguiu.
Dados do Serviço de Meteorologia da Austrália mostram que 2013 caminha para se tornar o ano mais quente do país, superando o recorde anterior de 2005, segundo o 'think tank' sem fins lucrativos Climate Council.
De acordo com a instituição, o mês passado foi o setembro mais quente já registrado na Austrália, com temperaturas médias nacionais 2,75 graus mais quentes do que a média de longo prazo.
Tem havido discussões sobre a contribuição das mudanças climáticas para os incêndios sem controle a oeste de Sydney, que até agora destruíram centenas de casas e deixaram um homem morto.
Figueres disse que a decisão de Abbott de anular uma taxação sobre emissões de carbono, projetada para combater as mudanças climáticas terá um elevado preço político.
"Na verdade, já estamos pagando o preço do carbono", afirmou. "Estamos pagando o preço com incêndios florestais, estamos pagando o preço com secas".
Figueres pediu ação para enfrentar as crescentes emissões de gases de efeito estufa.
"Poderíamos, como humanidade, adotar ações vigorosas e poderíamos ter um cenário muito, muito diferente. Este é o cenário que vale a pena examinar", acrescentou.
"Temos muito pouco tempo", acrescentou. "O importante é que nós ainda temos tempo, embora à medida que nós nos atrasarmos, estaremos fechando a janela para nós mesmos", concluiu.