Drogas-sinteticas (AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h28.
Viena - O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, sigla em inglês) manifestou nesta quarta-feira preocupação com o aumento de quase 50% das "novas substâncias psicoativas" (NSP) em dois anos e meio, enquanto o consumo global das drogas tradicionais permanece estável.
"Atualmente são as novas substâncias psicoativas que representam desafios", destaca o UNODC no relatório anual sobre drogas apresentado em Viena no dia internacional da luta contra as drogas.
"Vendidas como 'euforizantes legais' e 'drogas sintéticas', as NSP proliferam a um ritmo sem precedentes e representam desafios inéditos de saúde pública", afirma a organização com sede em Viena.
Entre o final de 2009 e meados de 2012, o número passou de 166 a 251, superando pela primeira vez a quantidade de substâncias sob controle internacional (234), segundo o UNODC.
Na Europa, onde o número de NSP passou de 14 em 2005 a 236 em 2012, quase 75% do consumo se concentra em cinco grandes países: Reino Unido, Polônia, França, Alemanha e Espanha.
Em todo o mundo, a maconha continua sendo a droga ilegal mais consumida, com 180 milhões de usuários, segundo as estimativas mais recentes do UNODC. O dado corresponde a 3,9% da população com idade entre 15 e 64 anos.
"A África parece ganhar importância como itinerário do tráfico marítimo", apontou a organização. [quebra]
O UNODC também ressaltou um percurso cada vez mais utilizado para alimentar os mercados de consumo, que parte do sul do Afeganistão para chegar aos portos do Irã ou Paquistão, antes de alcançar o leste ou o oeste da África e finalmente satisfazer a demanda dos mercados.
O Afeganistão, que em 2012 foi responsável por 74% da produção mundial ilegal de ópio, permanece como o principal produtor da substância.
Potencialmente muito mais perigosas que as drogas tradicionais, as NSP podem induzir ao erro os jovens consumidores, com nomes como "especia", "miau-miau" ou "sais de banho", "fazendo com que acreditem que se entregam a um prazer sem risco", completou a ONU.
Seus efeitos nefastos e seu potencial de vício continuam sendo no momento pouco conhecidos, enquanto os criminosos se aproveitam das fragilidades da aplicação da lei para criar um mercado muito lucrativo, destaca o UNODC.
O consumo de NSP está em alta na União Europeia (5% dos jovens de 18 a 24 anos já consumiram), enquanto nos últimos anos o consumo de maconha registrou queda e o de outras drogas permaneceu estável.
Nos Estados Unidos, as NSP são as drogas mais consumidas entre os estudantes e estão presentes na Ásia e África.
Mais de 60% dos países mencionados no relatório de 2012 do UNODC indicaram que "o uso desviado de sedativos e tranquilizantes" está entre os três tipos de substancias mais consumidas.
O Escritório destaca ainda que o "continente africano é cada vez mais importante e vulnerável no que diz respeito à proliferação dos itinerários do tráfico".
Uma nova rota terrestre de tráfico de heroína teria sido criada do Irã e Paquistão ao Oriente Médio, caminho adicional à tradicional rota dos Bálcãs na Europa.