Ônibus do Google que leva seus funcionários até a sede em Mountrain View (David Paul Morris/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2014 às 18h39.
Os ônibus de transporte que viraram um foco para protestos pela justiça social em São Francisco deveriam ser proscritos, disseram um grupo comunitário e um sindicato de funcionários municipais em um processo contra a cidade.
Um número crescente de ônibus privados com janelas polarizadas, assentos acolchoados e Wi-Fi que transportam funcionários da Google, da Apple Inc. e da Facebook Inc. até o Vale do Silício avivaram um debate sobre a desigualdade em uma cidade onde engenheiros de software recém-saídos da faculdade podem esperar ganhar mais de US$ 100.000 por ano. Seus motoristas e outros moradores que ganham a metade dessa soma estão pagando US$ 2 por viagem nos ônibus públicos e passando por dificuldades para acompanharem a rápida alta dos aluguéis.
Não é justo que a cidade cobre somente US$ 1 aos ônibus das empresas por cada ponto de ônibus público que eles usam, disse Aaron Peskin, ex-presidente do Conselho de Supervisores de São Francisco e membro do grupo comunitário que está processando a cidade, em um comunicado. Ele chamou a contribuição da Google, da Apple, da Genentech Inc. e de outras empresas de “uma ninharia”.
“As viagens compartilhadas em carros e a decisão de tirar mais carros das ruas são importantes, mas isso não significa que se possa atuar desta forma, como uma cessão, que é o que este programa é, sem considerar nenhuma alternativa”, disse Peskin. “Este programa foi criado pela indústria da tecnologia para a tecnologia da indústria”.
Entre os condenados pelo processo está o sistema de trânsito da cidade, a Bauer’s Intelligent Transportation Inc., empresas de tecnologia que usam os ônibus e outras empresas de trânsito. Eles são acusados de violar uma lei estadual que proíbe ônibus privados de estacionarem em faixas para ônibus, conforme uma reclamação apresentada ontem no tribunal estadual de São Francisco.
Impacto ambiental
O programa também é ilegal porque a cidade não estudou o impacto ambiental dos ônibus nem alternativas a eles, de acordo com a reclamação enviada pela Coalizão para o Trânsito Justo, Legal e Ambiental, a SEIU Local 1021 e outros ativistas.
O prefeito de São Francisco, Ed Lee, anunciou em janeiro um programa piloto de 18 meses que permite aos ônibus privados usar 200 pontos de ônibus públicos para buscarem funcionários pagando uma taxa. O programa poderia arrecadar dezenas de milhares de dólares por mês dos maiores fornecedores de viagens, disse a cidade em janeiro.
Com os aluguéis mais caros do país e o maior número de despejos de inquilinos em sete anos, a crescente presença de ônibus financiados por empresas em vizinhanças densamente povoadas gerou protestos e ocasionais atos de violência em uma cidade conhecida pela tolerância.
Mais de 350 transportes privados têm mais de 35.000 passageiros diários que embarcam em pontos de ônibus públicos, conforme a reclamação. A cidade isentou o programa de uma revisão ambiental, ao passo que um programa de efetividade no trânsito para os ônibus públicos está passando atualmente por um estudo ambiental, conforme a reclamação.
“Não vimos a queixa e é prematuro fazer comentários”, disse Matt Dorsey, porta-voz da secretaria do procurador da cidade de São Francisco.
O processo é titulado Coalition for Fair, Legal and Environmental Transit v. City and County of San Francisco, Tribunal Superior da Califórnia, Condado de São Francisco (São Francisco).