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Oncologistas denunciam preço abusivo de remédios anticâncer

Entre os 12 tratamentos contra o câncer aprovados em 2012 pela agência americana que regula alimentos e medicamentos, 11 custam mais de 100.000 dólares por ano


	"Quando um produto afeta a vida ou a saúde das pessoas, o preço justo deveria prevalecer por suas implicações morais", escreveram os médicos
 (Samantha Celera / Flickr)

"Quando um produto afeta a vida ou a saúde das pessoas, o preço justo deveria prevalecer por suas implicações morais", escreveram os médicos (Samantha Celera / Flickr)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2013 às 18h28.

Cerca de cem oncologistas de quinze países denunciaram em um artigo os preços abusivos dos medicamentos contra o câncer necessários para preservar a vida dos doentes, particularmente nos Estados Unidos, e fizeram um apelo para que prevaleçam "as implicações morais".

Entre os 12 tratamentos contra o câncer aprovados em 2012 pela agência americana que regula alimentos e medicamentos (FDA, na sigla em inglês), 11 custam mais de 100.000 dólares por ano, lamentaram estes médicos, que tiveram seu artigo publicado esta quinta-feira na versão digital da revista americana Blood, publicação da Sociedade Americana de Hematologia (ASH, na sigla em inglês).

Segundo estes oncologistas especializados em leucemia, um custo desta magnitude não se justifica moralmente porque os medicamentos, dos quais dependem os doentes para preservar sua vida, não deveriam estar submetidos às leis do mercado.

"Quando um produto afeta a vida ou a saúde das pessoas, o preço justo deveria prevalecer por suas implicações morais", escreveram os médicos, dando como exemplo o preço do pão na época da fome, da vacina da poliomielite e de tratamentos de patologias crônicas como diabetes, hipertensão arterial ou tuberculose.

No caso da leucemia mieloide crônica, um câncer raro do sangue e da medula óssea, a taxa de sobrevida a cinco anos é de 60% nos Estados Unidos, segundo o Instituto Nacional americano do Câncer. Na Suécia e na França, esse índice chega a 80%.

Essa diferença é explicada pela variação do custo de um tratamento comum como o Gleevec, do grupo suíço Novartis, e pelo fato de que uma grande quantidade de americanos não têm cobertura médica.


Segundo os autores do artigo, cerca de 10% dos doentes afetados por esta leucemia nos Estados Unidos não tomam os anticancerígenos prescritos, sobretudo devido ao custo elevado.

Nos Estados Unidos, os "pacientes podem chegar a pagar, em média, 20% do custo dos remédios do próprio bolso (20.000-30.000 dólares ao ano, o que representa entre um quarto e um terço do orçamento de um lar de classe média), e as doenças médicas e os preços dos medicamentos são as causas mais frequentes de ruínas pessoais".

O Gleevec, comercializado desde 2001, custa atualmente 92.000 dólares ao ano nos Estados Unidos contra 29.000 dólares/ano no México e na Coreia do Sul, e 40.000 dólares anuais na França. Por outro lado, o Tasigna, último tratamento da Novartis, chega a custar 115.000 dólares anuais nos Estados Unidos, contra 51.500 dólares/ano na Suécia.

Os preços dos medicamentos nos Estados Unidos também contribuem para a crise no sistema de saúde, afirmaram estes médicos. O custo dos tratamentos representou 18% do PIB americano em 2011, enquanto na Europa este segmento se situou entre 6% e 9%.

A Novartis, por sua vez, destacou em um comunicado que o Gleevec permite que nove em dez doentes possam continuar levando uma vida normal, enquanto anteriormente a expectativa de vida cinco anos após o diagnóstico desta doença se situava em 30%.

O grupo suíço informou também que colabora com os sistemas públicos e privados de assistência de saúde e com as organizações de caridade para reduzir o custo dos medicamentos.

"Globalmente, cerca de um terço do Gleevec produzido anualmente pelo laboratório é distribuído de forma gratuita a cerca de 50.000 doentes em mais de 80 países de baixa renda", destacou o Novartis.

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