Assange (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de janeiro de 2014 às 08h02.
O fundador do Wikileaks, Julian Assange, disse na última sexta-feira (18) que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se viu "obrigado" pelo ex-analista de inteligência da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden a apresentar hoje reformas nos programas americanos de espionagem.
"Está claro que o presidente não estaria falando hoje se não tivesse sido por Edward Snowden e outros informantes antes dele", afirmou Assange em uma entrevista à rede americana CNN.
Assange vive desde junho de 2012 na embaixada do Equador em Londres para evitar responder à justiça sueca sobre um caso de suposto abuso sexual que ele vê como uma desculpa para ser extraditado aos EUA, onde seria julgado pelos vazamentos de informações por parte do Wikileaks.
O fundador do polêmico portal argumentou que Obama não apresentou hoje reformas significativas na estrutura da espionagem americana, e considerou que o presidente americano disse "um monte de mentiras, como a que a NSA nunca abusou de seu poder".
"É vergonhoso que um chefe de Estado fale dessa maneira durante 45 minutos sem dizer praticamente nada", afirmou Assange em referência ao discurso de hoje em que Obama apresentou limites aos programas de coleta de dados telefônicos e na internet pela NSA.
Assange lamentou que no discurso Obama não tenha falado de restrições às leis secretas que permitem as ações de espionagem internacional ou sobre a necessidade de proteção para as empresas americanas de internet, que, segundo as revelações de Snowden, são vulneráveis à espionagem da NSA.
O fundador do Wikileaks, responsável pelos vazamentos de milhares de detalhes secretos sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão e de telegramas diplomáticos, afirmou que o próprio Snowden responderá às declarações de Obama na próxima semana a partir da Rússia, onde está refugiado.
Para Assange, o grande poder conquistado pela NSA "é uma ameaça para governos constitucionais de todo o mundo".