Tecnologia

Obama critica duramente planos da China para novas regras de tecnologia

Em entrevista à Reuters, Obama disse estar preocupado com os planos de Pequim de implantar uma ampla lei antiterrorismo

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2015 às 05h40.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, criticou duramente nesta segunda-feira os planos chineses de implantar novas regras para as companhias de tecnologia norte-americanas e pediu a Pequim que modifique sua posição caso queira continuar a fazer negócios com o país, afirmando ainda que tocou no assunto com o presidente chinês, Xi Jinping.

Em entrevista à Reuters, Obama disse estar preocupado com os planos de Pequim de implantar uma ampla lei antiterrorismo que exigiria que as empresas de tecnologia entregassem os códigos de criptografia que ajudam a proteger dados e instalassem em seus sistemas vias de acesso para o governo chinês.

"Isso é algo sobre o qual levantei diretamente com o presidente Xi", disse Obama. "Deixamos bastante claro para eles que isso é algo que eles vão ter que mudar se forem fazer negócios com os Estados Unidos."

O governo chinês entende que as regras são cruciais para proteger o Estado e assuntos secretos.

As companhias ocidentais dizem que as regras agravam as condições cada vez mais onerosas para se fazer negócio com a segunda maior economia do mundo e ressaltam o grau de desconfiança entre Washington e Pequim sobre o tema da segurança cibernética.

Um organismo parlamentar chinês leu uma segunda versão da primeira lei antiterrorista do país na semana passada e a expectativa é de que a legislação seja aprovada nas próximas semanas ou meses.

O projeto inicial, publicado pelo Congresso Nacional do Povo no ano passado, exigia que as companhias também mantivessem servidores e dados de usuários dentro da China, fornecendo às autoridades legais os registros de comunicação e censurando conteúdos relacionados ao terrorismo na Internet.

As leis "iriam essencialmente forçar todas as empresas estrangeiras, incluindo companhias norte-americanas, a entregar ao governo chinês mecanismos para que eles possam espionar e seguir os passos de todos os usuários desses serviços", disse Obama.

"Como você deve imaginar, as companhias de tecnologia não vão estar dispostas a fazer isso", acrescentou ele.

A amplitude das regras vai muito além do que uma série de regulações da indústria financeira recentemente adotada, segundo a qual os bancos chineses são obrigados a comprar de fornecedores locais de tecnologia.

Obama disse que as regras podem também prejudicar a própria China.

"Esses tipos de práticas restritivas, acho que iriam ironicamente prejudicar a economia chinesa no longo prazo, porque acho que não há nenhuma empresa norte-americana ou europeia, nenhuma empresa internacional, que possa sair ilesa da entrega ampla de dados, dados pessoais, a um governo", disse ele.

Uma autoridade norte-americana disse à Reuters na semana passada que o governo de Obama havia expressado à China suas preocupações com o projeto de lei antiterrorismo.

Embora as providências chinesas de combate ao terrorismo se apliquem tanto a tecnologias nacionais como estrangeiras, autoridades em Washington e empresas de tecnologia ocidentais argumentam que a lei, combinada a novas regras bancárias e a um aumento nas investigações antitruste, resultam numa injusta pressão regulatória com alvo em empresas estrangeiras.

Pequim argumenta precisar incrementar rapidamente a rigidez de suas medidas de segurança cibernética após as revelações do ex-prestador de serviço da Agência de Segurança Nacional norte-americana Edward Snowden sobre as sofisticadas técnicas de espionagem dos EUA.

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