. (Dean Hutton/Bloomberg/Bloomberg)
São Paulo - Drones e aviões estão longe de entrar em uma disputa por espaço nas alturas. Porém, assim como é comum que aves colidam com grandes meios de transporte aéreos, como helicópteros, jatos e aviões domésticos, os pequenos objetos tecnológicos também começam a oferecer perigo à rotina dos pilotos. No mês passado, um único drone foi o suficiente para fechar o Aeroporto de Lisboa por dez minutos, prejudicando mais de uma dezena de voos. Uma situação semelhante aconteceu no aeroporto de Congonhas, no final do ano passado. Quando isso aconteceu, mais de 30 voos foram desviados ou cancelados. Por que um aparelho tão pequeno pode ser tão ameaçador para um avião?
Uma equipe do Instituto de Pesquisa da Universidade de Dayton, nos Estados Unidos, simulou as condições de uma colisão em pleno ar entre um drone e um avião de transporte comercial viajando a 383 km/h. O modelo de drone usado foi o quadricóptero DJI Phantom 2, disparado na direção da asa de um avião Mooney M20, que foi destruída. Veja a simulação no vídeo a seguir.
Embora a tendência seja pensar que um drone será completamente destruído e não prejudicará o avião, inúmeras vezes maior, o teste mostra que o objeto realmente perfura a asa do meio de transporte. Segundo os pesquisadores, acabou prejudicando a longarina principal, elemento estrutural primário da asa. "Enquanto o drone se partiu, sua energia e massa se uniram para criar danos significativos à asa", disse ao blog da Universidade o engenheiro mecânico Kevin Poormon, que dirige uma equipe que estuda física de impacto.
Poormon ressalta a importância de se atentar para os perigos dos drones em colisões. "Realizamos testes de ataque de pássaros por 40 anos e vimos o tipo de dano que as aves podem causar", disse Poormon. "Os drones são semelhantes em peso a algumas aves e, por isso, observamos com crescente preocupação, à medida que os relatos de quase colisões aumentaram." A equipe também realizou testes com objetos de gelatina semelhantes a pássaros e perceberam que, apesar de os danos do pássaro falso serem mais aparentes, o drone foi além e penetrou mais profundamente na asa, danificando a longarina.
A DJI, empresa fabricante do drone utilizado nos testes, defendeu-se dizendo que a velocidade usada nos testes é improvável na vida real e que foi utilizada para causar um efeito dramático. "É praticamente impossível que essas duas aeronaves se encontrem na velocidade do teste", disse em comunicado o vice-presidente de política e assuntos jurídicos da empresa, Brendan M. Schulman. "Dado que a energia cinética e, portanto, o dano resultante, aumenta pelo quadrado da velocidade, o aumento arbitrário na velocidade do teste resulta em danos dramaticamente maiores", explicou.
Os testes tiveram caráter inicial e ainda não foram revisados pela comunidade científica, mas alertam para os riscos do aumento da circulação de drones nos céus. Uma longarina danificada pode definir se o dano será apenas um choque na asa ou se poderá levar à queda do avião, dependendo do nível do estrago causado pelo choque.