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O que a falha no aplicativo das eleições em Iowa tem a ensinar

Aplicativo feito às pressas não funcionou como esperado

Iowa: votação foi feita por app neste ano (Brian Snyder/Reuters)

Iowa: votação foi feita por app neste ano (Brian Snyder/Reuters)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 19h28.

Última atualização em 4 de fevereiro de 2020 às 19h29.

O Estado de Iowa, nos Estados Unidos, usou um aplicativo pela primeira vez para substituir o caucus, um sistema de votação para eleger candidatos nas prévias das eleições presidenciais. Era pra ser tudo tranquilo, com pessoas votando pelo aplicativo de forma tão simples quanto responder a um quiz na internet. Porém, não foi isso que aconteceu. O aplicativo, desenvolvido por uma empresa chamada Shadow, não funcionou como esperado. A dificuldade veio já do download do app, que não estava nas lojas virtuais da Apple ou do Google. E o problema não acabou aí. Mesmo quem conseguiu votar ainda não sabia quem era o vencedor quase 24 horas após o pleito. O motivo? A tecnologia que iria indicar quem obteve mais votos não funcionou para o candidato do partido democrata.

O aplicativo feito pela Shadow tinha uma série de questões pendentes. Ele não estava pronto. O que foi oferecido aos eleitores foi um aplicativo dentro de uma plataforma de testes. Ou seja, nem mesmo Apple e Google tiveram a chance de avaliar se o produto obedecia aos seus padrões de qualidade e políticas de uso.

Nos celulares com sistema operacional Android, o aplicativo vinha no formato APK, também usado por hackers ou golpistas para levar apps fraudulentos ao smartphone das pessoas. Em termos de usabilidade, o aplicativo também não era nenhum exemplo. Com uma série de senhas, formulários e links, os usuários tinha que percorrer toda essa jornada digital sem se distrair e deixar a tela do celular bloquear, ou corriam o risco de ter que fazer tudo novamente.

O partido democrata de Iowa garante que os dados foram coletados e estão seguros. O problema teria sido apenas na tecnologia que indica o vencedor. Mas, como informa o jornal americano The New York Times, o aplicativo foi desenvolvido em apenas dois meses e não foi devidamente auditado antes de ser usado.

Exemplos como o de Iowa mostram que ainda não há um sistema de votação eletrônica robusto o suficiente para ser usado nas eleições presidenciais da maior economia do mundo – e isso não pode ser feito às pressas. A transparência precisa existir. Países como a Estônia, que tem eleições com voto eletrônico desde 2005, sabem disso. O governo estoniano publicou o código do sistema de votação usado nas eleições na internet em 2013. A Microsoft testa publicamente há anos um sistema de votação eletrônica de código aberto chamado ElectionGuard. Ter usado um sistema como esse teria sido uma forma menos confusa e mais transparente de realizar uma votação. Quem sabe em 2024.

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