Novas salas de reunião consideram conversas por videochamada (Cayce Clifford/The New York Times)
Laura Pancini
Publicado em 30 de abril de 2021 às 11h42.
Última atualização em 30 de abril de 2021 às 16h19.
Desde 2003, a sede do Google na Califórnia fica em um campus extenso, conhecido pelo nome de Googleplex. Com escritórios abertos e arejados, áreas de descanso e comida grátis, a gigante da tecnologia definiu um novo jeito de abrigar seus colaboradores.
Hoje, o Google está redefinindo seu ambiente de trabalho mais uma vez, considerando a nova realidade e os novos costumes de seus colaboradores que passaram o último ano trabalhando de casa por conta da pandemia do novo coronavírus.
Os planos para mudar seu escritório começaram antes da pandemia. De acordo com o New York Times, a equipe do Google conversou com sociólogos que estudam a Geração Z e como alunos do ensino fundamental socializam e aprendem para tentar imaginar o que seus futuros funcionários iriam querer.
A empresa focou em três tendências: o trabalho pode acontecer fora do escritório; o que os funcionários precisam no local de trabalho está em constante mudança e esses espaços precisam ter mais do que mesas e salas de reunião. “O futuro do trabalho que pensávamos que iria chegar daqui 10 anos”, disse Michelle Kaufmann, líder do projeto. “A covid-19 nos trouxe esse futuro agora”.
O Google tem escritórios em 170 cidades e 60 países ao redor do mundo. Na Austrália, Nova Zelândia, China, Taiwan e Vietnã, os escritórios do Google foram reabertos com ocupação permitida para mais de 70 pessoas.
Em vez de fileiras de mesas ao lado de salas de reunião já prontas, a empresa-filha da Alphabet está projetando o que eles chamam de "Team Pods". Separados em cápsulas, as cadeiras, mesas e outros objetos podem ser reorganizados para criar o espaço de trabalho necessário para aquele momento.
A volta ao escritório será com um esquema de rodízio para o escritório ter sempre menos funcionários e mais distanciamento entre eles. Em suas configurações atuais de escritório, o Google disse que seria capaz de usar apenas uma em cada três mesas para manter as pessoas a cerca de dois metros de distância e que o distanciamento permanecerá no caso de uma próxima pandemia ou gripe anual.
Para quem não tiver uma mesa permanente, a empresa desenvolveu um protótipo de mesa que se ajusta às preferências pessoais do funcionário apenas com o toque do seu crachá. A altura e inclinação do monitor é ajustada, fotos da família aparecem em uma tela e a temperatura próxima é ajustada para a preferência dele.
Para diminuir as distrações em volta da mesa de trabalho, foram desenvolvidas "pétalas" que podem ser fixadas na borda de uma mesa de trabalho para eliminar o brilho e uma cadeira de escritório com alto-falantes no encosto da cabeça para abafar o áudio próximo.
Há um protótipo de sistema de duto de ar que pode ser movido "em um fim de semana" para diferentes assentos. O Google também está tentando criar um sistema que permite que cada assento tenha seu próprio difusor de ar.
“Nos primeiros dias da pandemia, parecia assustador mover uma organização de mais de 100.000 pessoas para o virtual, mas agora parece ainda mais assustador descobrir como trazê-los de volta com segurança”, disse David Radcliffe, vice-presidente do Google para serviços imobiliários e de trabalho.
Novas salas de reunião, apelidadas de "Campfire" (como "fogueiras de acampamento", em português), também são uma das mudanças apresentadas. Agora, os colaboradores sentam em um círculo que intercala com grandes monitores verticais para conversas que misturam o real com o virtual.
Caso um colaborador queira privacidade, um robô foi desenvolvido para detectar os espaços ao seu redor e inflar uma parede translúcida feita de celofane. Além disso, uma série de paredes móveis que podem ser embaladas e enviadas para escritórios do mundo todo estão sendo desenvolvidas pela empresa.
Em alguns locais ao redor do mundo, como Londres, Los Angeles, Munique, Nova York e Sydney, o Google está construindo áreas de trabalho ao ar livre por conta da fácil propagação do coronavírus dentro de ambientes fechados como escritórios.
O Googleplex terá grupos de mesas e cadeiras sob tendas ao ar livre. Em tendas maiores, há áreas de reuniões e equipamentos de videoconferência.
Alguns meses atrás, o Google perguntou aos seus trabalhadores quantos dias por semana eles precisariam ir ao escritório para serem eficazes. As respostas foram divididas igualmente em uma faixa de zero a cinco dias por semana, disse Radcliffe.
A maioria dos funcionários mostrou não ter pressa em voltar. Cerca de 70% dos cerca de 110.000 funcionários entrevistados disseram ter uma visão "favorável" sobre o trabalho em casa, em comparação com cerca de 15% que tinham uma opinião "desfavorável". Outros 15% tinham uma perspectiva "neutra".
Com a pesquisa, o Google parece estar percebendo que seus funcionários podem não estar tão dispostos a voltar à velha vida e que autonomia e flexibilidade são as novas preferências em um mundo pós-pandemia.
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