Fukushima (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2013 às 13h26.
Tóquio - Como e por que houve um vazamento de 300 toneladas em um dos depósitos de água altamente radioativa da usina de Fukushima? Ninguém sabe, nem mesmo a companhia que administra a usina Tepco, que prefere não falar muito sobre os mil depósitos do complexo.
Na segunda-feira, 19 de agosto, a Tepco anunciava ter descoberto "poças d'água radioativa perto dos depósitos" e informou depois que a quantidade que vazou foi de 300 toneladas.
O depósito defeituoso foi localizado, mas não o ponto preciso onde ocorreu o vazamento, que certamente durava semanas e não tinha sido detectado.
Mais de mil depósitos de vários tipos, que procedem de diferentes fabricantes, ocupam as áreas abertas ao redor da central. Trezentos e cinquenta são do mesmo modelo em que ocorreu o vazamento e são proporcionados pela pequena empresa Tokyo Kizai Kogyo, confirmou à AFP um porta-voz da Tepco.
Por sua vez, a Tokyo Kizai Kogyo, cujo nome não foi citado oficialmente, recusou-se a responder perguntas, invocando "cláusulas de confidencialidade com a Tepco".
"O pedido foi feito por uma empresa conjunta criada pela Tepco e a sociedade de obras públicas Taisei Construction", limitou-se a explicar o vice-presidente da Tepco, Zengo Aizawa. Ele explicou que cada depósito custa "várias dezenas de milhões de ienes" (de 100.000 euros a várias centenas de milhares de euros).
Essas peças enormes, com altura de 11 metros e 12 metros de largura, podem armazenar, cada uma, 1.000 toneladas de água, o terço de uma piscina olímpica. Os depósitos são feitos de placas de aço e são montados e selados no mesmo local, com juntas de borracha expandida.
"Esses modelos foram escolhidos porque podiam ser entregues e montados rapidamente", admitiu a Tepco.
"A causa do vazamento provavelmente existe em outros depósitos", admitiu Aizawa em uma una entrevista televisada.
A Tepco anunciou no sábado que "o depósito onde ocorreu o vazamento havia sido instalado inicialmente em outro lugar". Foi deslocado devido a um afundamento do piso de concreto, assim como os outros depósitos, que tiveram de ser esvaziados por precaução.
No entanto, não foi estabelecida uma relação de causa e efeito entre estas operações e o vazamento de água radioativa.
No passado, outros quatro vazamentos foram constatados, sendo de menor magnitude e, provavelmente, devido a problemas nos rejuntamentos.
Indagado sobre a resistência dos materiais aos elementos radioativos contidos na água, um porta-voz do grupo se limitou a responder: "Estes depósitos não apenas estavam preparados para armazenar água limpa como também água contaminada".
A autoridade de regulação nuclear classificou de grave o incidente e o situou no nível 3, na escala internacional de acidentes nucleares (Ines), que conta com sete níveis.
Esta decisão foi tomada antes que a Tepco anunciasse que a água vazada provavelmente havia chegado até o Oceano Pacífico, já contaminado por enormes quantidades de água radioativa procedente do subsolo da central e pela queda de água de chuva contaminada, dias depois do acidente nuclear em março de 2011, depois de um terremoto seguido de tsunami no nordeste do país.
Mas algo pior pode acontecer em outra hipótese: "Se outro maremoto ou terremoto ocorrer, haverá vazamentos em massa nesses depósitos" advertiu reiteradas vezes o professor Hiroshi Miyano, especialista em design de centrais nucleares.