São Paulo - Os níveis do mar estão subindo ao ritmo mais rápido já registrado nos últimos 2 800 anos, e as emissões liberadas por atividades humanas dos nocivos gases de efeito estufa, vilões do aquecimento global, são as principais responsáveis.
O alerta vem de um conjunto de artigos publicados nesta semana na prestigiada revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências (PNAS).
Segundo os estudos, até a década de 1880 (durante o período de industrialização do mundo), o ritmo mais rápido de elevação do nível dos oceanos foi de 3 centímetros a 4 centímetros por século. Mas no século 20, sozinho, os mares do mundo subiram nada menos do que 14 centímetros.
As pesquisas ilustram o crescente poder dos computadores para simular as complexas interações entre o clima, o derretimento do gelo polar e os oceanos do planeta — ao todo, mais de 6 milhões de anos de dados climáticos foram analisados.
Seus resultados somam-se à crescente coleção de evidências de que a humanidade contribui, em muito, para o aumento da temperatura global e a consequente elevação do nível do mar. Parte do aumento é devido ao derretimento das geleiras e outra parte ao aumento da temperatura da água, que se expande quando fica mais quente.
Pelas projeções dos cientistas, até 2100, os oceanos do mundo poderão subir ainda mais — entre 28 centímetros e 131 centímetros, dependendo do volume de emissões de gases efeito estufa que as indústrias e veículos liberarem na atmosfera.
"Nós definitivamente estamos confiantes de que a elevação do nível do mar vai continuar a acelerar se houver mais aquecimento, o que inevitavelmente ocorrerá", disse ao The New York Times o geofísico Stefan Rahmstorf, do Potsdam Institute for Climate Impact Research, autor de um dos estudos publicados.
O aumento do nível do mar é um dos efeitos colaterais do aquecimento global que mais preocupam os cientistas. Mantidos os atuais padrões de emissões, a elevação de 4ºC na temperatura tem potencial suficiente para submergir terras que atualmente são o lar de mais de 500 milhões de pessoas.
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1. Para eles, o desafio da sobrevivência já começou
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1/10 (Thinckstock)
São Paulo - Ao longo dos últimos 20 anos, o nível dos mares subiu uma média de 8 centímetros como resultado do aquecimento das
águas e do derretimento das geleiras. Até o final deste século, ele pode aumentar em um metro ou mais, segundo previsões do último Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (
IPCC), principal referência científica no assunto. Essa alta reserva um futuro sombrio para muitas cidades costeiras e nações insulares no mundo e coloca mais de 40 milhões de pessoas em situação de risco. A sentença severa já ameaça a existência de micronações, como as Maldivas, o país mais baixo e plano da Terra, e Kiribati, um pequeno país no Pacífico que estuda a ideia radical de mudar toda a sua população para uma nova ilha. Não por acaso os líderes destes pequenos Estados insulares representam algumas das vozes mais apaixonadas, firmes e exigentes nas discussões da
COP 21, a conferência mais importante sobre clima da ONU, que acontece em Paris. Afinal, se o mundo não chegar a um acordo capaz de frear o ritmo das
mudanças climáticas, estes micropaíses serão os primeiros a sofrer as piores consequências por estarem na linha de frente do perigo. Para eles, o desafio da sobrevivência já começou. Veja nas imagens.
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2. Ilhas Maldivas
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2/10 (Thinckstock)
Um micropaís no meio do Oceano Índico é uma vítima fácil para o aumento do nível do mar. No último século, as água já subiram 20 centímetros em algumas partes do país. De acordo com o levantamento da Ong Co+Life, uma elevação brusca poderia varrer do mapa esse paraíso de praias de areia branquinha, palmeiras e atóis de corais. Temendo o pior, o governo local já estuda comprar um novo território para o seu povo.
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3. Ilhas Salomão, no Pacífico
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3/10 (Creative Commons/ Jenny Scott / Flickr)
Pequeno país insular localizado a leste da Papua-Nova Guiné, no Oceano Pacífico, as pacatas Ilhas Salomão ganharam o noticiário mundial em fevereiro de 2013, após serem atingidas por um tsunami que matou cinco pessoas. Embora possa parecer pontual, a tragédia é a face mais radical de um drama vivido diariamente pela população local, formada por pouco de mais de 500 mil habitantes. Comunidades inteiras estão se realocando para evitar catástrofes a medida que a maré sobe. As ilhas com altitudes mais baixas são as mais atingidas.
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4. Ilhas Marshall
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4/10 (Creative Commons/ Sarah Boyd / Flickr)
Se nos dias de maré alta, a população das Ilhas Marshall já sofre com os danos da invasão da água salgada, uma alta brusca de quase um metro até o fim do século é uma sentença de morte para a região. O mar já cobriu parte do território e está erodindo a costa, enquanto secas e cheias castigam ainda mais o arquipélago, formado por 29 atóis e ilhas de corais entre a Austrália e o Havaí.
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5. Kiribati
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5/10 (Torsten Blackwood/AFP)
Outro pequeno país insular que pode estar com os dias contados é Kiribati, um arquipélago formado por 32 atois no Oceano Pacífico. Com o aumento do nível do mar circundante, o presidente de Kiribati, Anote Tong, prevê que seu país provavelmente se tornará inabitável dentro de 30 a 60 anos. Ele está atrás de um novo lar para os 100 mil habitantes da região, que tem sofrido com a invasão de água salgada que prejudica a agricultura local. Durante discurso na COP 21, em Paris, Tong agradeceu publicamente a nação de Fiji por ter concordado em receber o seu povo se o pior acontecer.
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6. Tuvalu
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6/10 (UNICEF/Getty Images)
Na arena internacional, o pequeno conjunto de nove ilhas localizado no oceano pacífico, entre a Austrália e o Havaí, é um dos que mais trabalha para se fazer ouvir em meio aos interesses de grandes nações nas negociações climáticas. Com área de 26 km², o minúsculo Estado corre o risco de submergir diante do aumento do nível do mar. Nos últimos anos, as inundações constantes já vêm atrapalhando a produção de cultivos locais e a obtenção de água potável.
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7. Seicheles
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7/10 (Esskay/ Wikipedia)
Nação insular localizada no Oceano Índico, as Seicheles são constituídas por vários arquipélagos localizados a noroeste de Madagáscar. Com uma população de 87 mil habitantes, foi uma das primeiras nações a ligar o alarme global sobre o impacto das alterações climáticas e da consequente ameaça da elevação do mar para pequenos países insulares.
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8. Delta do Mekong
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8/10 (Getty Images)
Densamente povoado, a região do Delta do Mekong, uma das mais férteis do Vietnã, pode tornar-se vítima das mudanças climáticas. Um aumento do nível do mar inundaria rapidamente as fazendas de camarões, os vilarejos e os cultivos agrícolas, que garantem trabalho e sustento para os moradores locais. Segundo previsões mais pessimistas, até 2100, o mar engolirá 5% do território e 7% das terras agrícolas.
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9. Delta do Ganges, Bangladesh
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9/10 (Wikimedia Commons)
Bangladesh é um país com poucas elevações acima do nível do mar, com grandes rios em todo seu território situado ao sul da Ásia. A estimativa é que 120 milhões de pessoas que vivem no delta do Ganges estão ameaçadas pela elevação do nível do mar. Os desastres naturais como inundações, ciclones tropicais, tornados e marés em rios são normais em Bangladesh todos os anos.
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10. Ar irrespirável
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10/10 (REUTERS)
Agora, veja 10 números chocantes do "arpocalipse" chinês