Netflix no iPad: a distribuição de vídeo via internet permite que os consumidores dispensem o cabo para assistir à TV (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2011 às 16h37.
SÃO PAULO – Numa das discussões do evento Info@trends, que acontece em São Paulo, os participantes discutiram a era do vídeo e o fim do download. Qual é o melhor formato? Quanto tempo deve ter um vídeo? O debate foi mediado pelo jornalista Ricardo Anderáos, diretor de Mídias Digitais da MTV Brasil.
Com o aumento da contratação dos planos de banda larga no Brasil, o uso de sites e de serviços de vídeo também cresceu. “Quanto mais banda o usuário tem, mais vídeo ele vê. Temos uma cultura de assistir à TV”, diz Gustavo Caetano, fundador e CEO da SambaTech. Segundo ele, 87% das pessoas que têm internet no Brasil veem vídeos. “O YouTube se transformou na maior emissora de TV do mundo”, afirma.
Um detalhe interessante é observar que os principais portais costumam exibir vídeos logo na home. Na máxima de que uma boa imagem vale mais que palavras, o vídeo é uma forma às vezes até mais rica de transmitir informações do que por texto.
O portal Terra, que investe pesado na área de vídeo oferece duas modalidades de consumo de vídeos, uma paga e outra gratuita, com comerciais, como na TV. “Ao contrário da TV, que trabalha com uma programação, na internet as pessoas não aceitam esperar. Elas querem comentar no momento de um jogo ou de uma entrevista”, afirma Everton Constant, gerente de Conteúdo para América Latina e Estados Unidos do portal Terra. Ele explica que no Terra os comentaristas de esportes interagem diretamente com os espectadores.
Produção de conteúdo
O que você prefere ver na internet, um videozinho curto e bobinho ou algo mais elaborado, como um a que você assistiria na TV? Para os debatedores, conteúdo é a palavra da moda. Segundo eles, cada plataforma tem uma característica específica. “Fazemos projetos de entretenimento, em parceria com as emissoras e as marcas. Antes elas tinham uma presença e uma forma de participar diferente. O mundo digital permitiu mudanças nessa área”, diz Eduardo Tibiriçá, sócio-gestor da BossaNovaFilms.
O conteúdo costuma estar relacionado ao tempo de exibição de vídeo. Existe um tempo ideial? “Num primeiro momento a gente tende a pensar que os vídeos menores são vistos até o final, mas eles não são. Os mais curtos geralmente não são vistos até o fim. Nos mais longos, o engajamento é maior”, diz Caetano.
“O internauta consome vídeos de acordo com sua disponibilidade de tempo. Vemos muito isso em transmissões de shows. As pessoas ficam mais de uma hora conectadas, o que é fora da curva”, afirma Constant. No Terra, os vídeos curtinhos, de notícias e de esportes, são os campeões de audiência. Constant não vê o YouTube como um competidor, por perceber que ali não há produção de conteúdo.
A Netflix vem aí
Diante da chegada de mais um concorrente no mercado de vídeos online, como ficam os serviços atuais? A Netflix, que é muito forte nos Estados Unidos, deve estar no Brasil nas próximas semanas. “Eles estão em todos os lugares. Eles conseguiram fazer uma estratégia bem feita e o impacto aqui deve ser monstruoso. Isso vai acirrar a competição aqui”, diz Caetano. Uma consequência direta do sucesso na Netflix nos Estados Unidos foi a queda das assinaturas de TV paga e o aumento do consumo de internet.
O Terra teme a concorrência? “Ainda não vejo um comportamento do usuário de sentar duas ou três horas em frente ao computador. Ele ainda precisa do sofá. Isso deve aumentar na medida em que as pessoas usarem mais os serviços de internet na TV”, diz Constant. O Terra já tem um modelo semelhante ao da Netflix, em que o usuário pode ver os vídeos ou comprá-los. “Hoje as pessoas não fazem questão de ser proprietárias do conteúdo”, afirma.