Tecnologia

O ensino online não pode ser um substituto, diz fundador da Khan Academy

Fundador da plataforma de educação virtual, Sal Khan conversou com Jorge Paulo Lemann sobre educação e filantropia durante o evento Brazil at Silicon Valley

Sal Khan: fundador da Khan Academy acredita que a crise do coronavírus vai acelerar o aprendizado virtual (Neilson Barnard / Equipe/Getty Images)

Sal Khan: fundador da Khan Academy acredita que a crise do coronavírus vai acelerar o aprendizado virtual (Neilson Barnard / Equipe/Getty Images)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 13 de maio de 2020 às 14h06.

Última atualização em 13 de maio de 2020 às 14h25.

A segunda apresentação do evento Brazil at Silicon Valley foi ao ar nesta quarta-feira, 13, pelo YouTube e, desta vez, contou com a participação do empresário Jorge Paulo Lemann e de Sal Khan, fundador da Khan Academy. Sob o tema “Edtech & Filantropia: construindo o futuro da educação”, eles discutiram sobre as formas de levar conteúdo para as pessoas em um mundo isolado e o legado que o uso acelerado das plataformas digitais para a sociedade em um mundo pós-coronavírus. Para ele, o ensino online não poderá ser visto como um substituto.

Referência na área de educação, Salman Amin Khan, ou apenas “Sal”, é um educador americano que se destacou nos últimos anos com a criação da Khan Academy, uma plataforma online sem fins lucrativos para fomentar a educação livre no mundo, principalmente em assuntos ligados com matemática e ciências. “Meus amigos diziam que esse era um projeto maluco, que não tinha um modelo de negócios e não entendiam como eu poderia ganhar dinheiro”, afirma Khan. “Mas as cartas e as respostas que eu recebia de alunos já era o suficiente para que eu decidisse estabelecer a Khan Academy como uma organização sem fins lucrativos”, diz.

Para o especialista em educação, haverá uma transformação digital na forma como a educação será ministrada nas escolas no cenário pós-pandemia. “Todos os dias as pessoas estão se dando conta de que isso talvez dure mais do que o esperado e que remos crianças fora das escolas por cinco ou seis meses até”, disse Khan. Segundo ele, essa crise será a oportunidade para o setor se redescobrir e criar oportunidades. “Será um catalisador.”

Para ele, um dos desafios para que a Khan Academy possa ser fundamental nesta mudança está justamente em uma limitação da própria organização. “Nós somos um obstáculo. Queremos fazer muitas coisas ao mesmo tempo, mas ainda temos uma equipe pequena”, afirma. Outro problema a ser superado é a questão da conectividade. “Temos de alcançar as pessoas que não têm acesso à internet. Elas estão ficando para trás nos estudos.”

Lemann concorda com essa aceleração no aprendizado realizado por plataformas virtuais. “Estávamos indo bem, havia interesse e vimos quase 4 milhões de pessoas já usando a Khan Academy. Eu acho que as cosias estão se acelerando ainda mais e as pessoas estão mais interessadas”, afirma. Ele também concorda que um dos desafios é levar conteúdo para pessoas com dificuldades na questão de conectividade. “Estamos tentando melhorar isso”, diz

Questionado sobre o legado que o trabalho realizado durante a quarentena vai deixar para o mundo, Khan diz que essa é uma questão que só poderá ser respondida corretamente quando tudo voltar ao normal. No melhor dos cenários, ele afirma que a crise vai acelerar o movimento educacional para o mundo online. “As pessoas estão vendo que há maneiras de conciliar o online e offline. Há como usar os dois formatos. O online não pode ser um substituto”, diz.

Em relação ao trabalho realizado no Brasil, Khan disse que sua organização presenciou um aumento de tráfego, mesmo que tardio. “Demorou um pouco mais para o Brasil entrar em isolamento”, lembra. Ele afirma que, antes da crise, dois terços do tráfego digital da Khan Academy vinham dos Estados Unidos. “Hoje nosso tráfego internacional é muito maior, com o crescimento de Brasil e Índia”, conta.

Para o futuro, Sal afirma que a organização está estabelecendo novas metas para o futuro e que esta pode ser a oportunidade fazer algo no Brasil pensando no longo prazo. “Para cada Albert Einstein e Marie Curie, imagine quantos gênios não são perdidos na multidão. Talvez em uma favela do Brasil ou na Índia. Imagine o que essas pessoas podem fazer pela sociedade”, diz.

Já Lemann diz que para o futuro espera a sobrevivência das empresas que receberam investimentos nos últimos anos. “Temos que ter certeza de que elas podem passar por essa crise”, diz. Em termos de educação, ele diz que acredita no poder transformador que o aprendizado pode gerar para a sociedade. “A educação é a única forma de superarmos a lacuna social que existe”, afirma.

Lemann também cita como a área pode ser útil no desenvolvimento da economia de um país. O empresário e filantropo explica que os países que investiram mais em educação acabaram tendo melhores resultados econômicos. “Os países que não fazem isso ficam para trás. Eu estou muito preocupado com o Brasil”, diz.

Acompanhe tudo sobre:EducaçãoFilantropiaJorge Paulo Lemann

Mais de Tecnologia

UE multa grupo Meta em US$ 840 milhões por violação de normas de concorrência

Celebrando 25 anos no Brasil, Dell mira em um futuro guiado pela IA

'Mercado do amor': Meta redobra esforços para competir com Tinder e Bumble

Apple se prepara para competir com Amazon e Google no mercado de câmeras inteligentes