Câncer: projeto tem o objetivo de criar um novo catálogo de genes causadores de câncer (GMF-Productions)
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2015 às 21h42.
Valência - Um estudo permitiu a identificação de 103 genes cuja mutação é responsável pela progressão do câncer, dos quais 71 são novos, e possibilitará definir novos tratamentos.
O projeto, divulgado na revista "PLoS Computational Biology" e coordenado pelo Laboratório de Genômica Computacional da Fundação Centro de Pesquisa Príncipe Felipe (CIPF) de Valência (Espanha), tem o objetivo de criar um novo catálogo de genes causadores de câncer.
Os pesquisadores utilizaram bases de dados de mutações de câncer e de estruturas de proteínas para identificar variações em tumores de pacientes, informaram à Agência Efe fontes do CIPF.
Foram analisados dados genômicos, clínicos e moleculares em grande escala para explicar e prever com maior precisão as consequências em cada paciente e suas respostas terapêuticas, assim como para estabelecer novos tratamentos para prevenir e curar o câncer.
Além disso, foram identificados potenciais causadores do câncer que estão envolvidos no sistema imunológico, segundo as fontes, que indicaram que os genes de imunidade identificados neste estudo proporcionam informações muito relevantes sobre a importância do sistema imunológicos na progressão do câncer.
Este trabalho integrou dados de 6 mil pacientes do Atlas do Genoma do Câncer, correspondentes a 23 tipos de câncer com mais de 18 mil estruturas tridimensionais de proteínas do Protein Data Bank (PDB).
Esta é a primeira vez que foi usada a estrutura tridimensional das proteínas em um estudo destas características, o que permitiu explicar por que um câncer causado por uma mesma proteína pode ter distintas evoluções e previsões dependendo de onde ocorram as mutações.
Os pacientes com câncer são extremamente heterogêneos em sua resposta aos tratamentos e na evolução da patologia, e a identificação dos diversos genes que causam o câncer representa um grande avanço para completar a avaliação.
O diretor do departamento de Genômica Computacional do CIPF, Joaquín Dopazo, disse à Agência Efe que os cientistas envolvidos no projeto estão "muito satisfeitos" com a pesquisa, que desenvolveram durante cerca de um ano e lhes permitiu descobrir "inúmeros novos genes" e relacionar algumas transmutações com a progressão do câncer.
"Conforme avançamos, somos capazes, com mais precisão, de prever a evolução do câncer e, nos casos em que isso é possível, tomar medidas antes e com mais eficácia", explicou o pesquisador, para quem, com esta descoberta, "é mais fácil saber o que vai acontecer".
Dopazo destacou que a biologia computacional "está cada vez mais ganhando protagonismo", e acrescentou que os pesquisadores já estão trabalhando no "passo seguinte": tentar relacionar as funções das proteínas alteradas com possíveis evoluções do câncer.
Como aplicação prática, este trabalho servirá para explicar "por que um câncer causado pela mesma proteína pode ter diferentes progressões por ter mutações em diferentes lugares", segundo Dopazo.