O novo tratamento reduziria os custos e o nível tóxico dos anti-retrovirais (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Genebra - Ao menos dez milhões de mortes causadas pelo vírus do HIV e um milhão de novas infecções poderiam ser evitadas em 2025 caso seja aplicado um novo tratamento proposto pela Unaids (Agência das Nações Unidas na Luta Contra a Aids): o 2.0.
"Trata-se de simplificar a maneira na qual atualmente os tratamentos contra o HIV são fornecidos e aumentar o acesso a estes remédios", disse Michel Sidibé, diretor-executivo da Unaids, durante a apresentação em Genebra do relatório 2010, preâmbulo da Conferência de Viena sobre aids da próxima semana.
O 2.0 é um tratamento que engloba iniciativas para a prevenção do HIV, novas práticas para sua detecção e fórmulas inovadoras para criar remédios mais eficientes, embora nenhuma delas tenha sido aplicada ainda.
Sidibé explicou que o 2.0 "reduziria os custos dos tratamentos e o nível tóxico dos anti-retrovirais", combinação que "facilitaria o acesso aos remédios drasticamente", com uma previsão de redução de dez milhões de mortes e um milhão de infecções em 2025.
Hoje, só cinco milhões dos mais de 15 milhões de infectados pelo HIV no mundo têm acesso a tratamentos, por isso que a Unaids propõe que os países doadores unam seus esforços para iniciar o 2.0 e criar "pílulas mais singelas e menos tóxicas", "melhorar a prevenção" e aumentar "o número de testes de detecção gratuitos".
O estudo da Unaids também contempla que os jovens - entre 14 e 25 anos - estão liderando o atual processo de luta contra a Aids, já que a prevalência do HIV entre este setor da população diminuiu mais de 25% em 15 dos 25 países mais afetados pela pandemia.
Na Costa do Marfim, Etiópia, Quênia, Malawi, Namíbia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue os índices diminuíram e também foram detectadas mudanças positivas no comportamento sexual dos jovens, detalha o relatório.
Também no Burundi, Lesoto, Ruanda, Suazilândia, Bahamas e Haiti os jovens começam a tomar mais precauções para frear o número de contágios e esperam mais tempo até se tornarem sexualmente ativos.
Apesar destas mudanças positivas, ainda há pelo menos cinco milhões de jovens no mundo com HIV.
O relatório aponta que 30 anos depois da descoberta da epidemia pelo menos 60 milhões de pessoas foram infectadas e 25 milhões morreram devido às chamadas doenças oportunistas, que emergem após o contágio.
Além disso, das 33,4 milhões de pessoas que vivem na atualidade com HIV, a metade são mulheres.
Entre os dados favoráveis, o relatório da Unaids relata que a pandemia estabilizou-se na maior parte das regiões, embora seus índices sigam aumentando no leste da Europa e no centro da Ásia devido as elevadas porcentagens de novas infecções.
A África Subsaariana continua sendo a região mais afetada do planeta já que em 2008 foram registradas na região 71% das novas infecções mundiais.
Além disso, o acesso das mulheres aos preservativos femininos aumentou de forma extraordinária, com um número recorde de 50 milhões em 2009.
Uma pesquisa realizada pela Unaids para a elaboração do relatório coloca que hoje em dia o HIV continua sendo um dos principais problemas que a sociedade enfrenta.
"Estamos em um momento crucial para poder criar um novo enfoque de luta contra a Aids", disse Sidibé.
A proposta da Unaids é que os países apostem forte em um novo modelo de luta, como pode ser o tratamento 2.0 que a organização promove: "uma nova resposta para frear a pandemia", concluiu Sidibé.