Ello: rede social quer ser antagonista de Mark Zuckerberg e Facebook (Montagem com foto de David Ramos/Getty Images e Divulgação/Ello)
Victor Caputo
Publicado em 26 de setembro de 2014 às 14h23.
São Paulo – “Sua rede social é propriedade de anunciantes”. Assim começa o manifesto de inauguração de uma nova rede social, a Ello. Seu objetivo, em suma, é ser o anti-Facebook – posição já pleiteada por outros projetos antes.
Por enquanto, a Ello opera em beta. Durante esse período de testes, apenas usuários convidados poderão navegar e fazer amigos por lá. No site, é possível pedir um convite para usá-lo.
O objetivo da Ello é sobreviver sem a necessidade de anúncios no site. O modo de negócio do Facebook é usar posts, fotos e compartilhamentos de seus usuários para que seja possível vender espaço bem direcionado a anunciantes.
A nova rede social condena esse negócio. “Nós acreditamos que uma rede social pode ser ferramenta para dar poder. Não uma ferramenta para enganar, coagir e manipular”, diz o manifesto.
O discurso fortemente ideológico da Ello parece ter conquistado muita gente na internet. Ontem, quinta-feira, a rede congelou a abertura de novas contas para convidados. Em um comunicado, eles afirmaram que a rede viralizou e para não ter problemas no serviço, não aceitariam novos usuários por ora.
No Twitter, a jornalista Reyhan Harmanci, da Fast Company, publicou que, de acordo com os fundadores da rede, eles vinham recebendo 34 mil novos pedidos de perfil por hora.
How fast is Ello growing? Founder says they are getting 34,000 requests an hour (STORY TK)
— Reyhan Harmanci (@harmancipants) September 25, 2014
O que a Ello não especifica em seu manifesto é como pretende continuar a operação quando for necessário aumentar o número de funcionário do serviço ou pagar por melhores servidores. O Facebook cria produtos e faz sua manutenção para um total de 1,3 bilhão de usuários e isso demanda bastante dinheiro.
O congelamento de novos convites que aconteceu ontem é a primeira evidência de que sem investimentos ou captação de recursos (no caso do Facebook, de anunciantes) é difícil manter a operação funcionando.
O funcionamento da Ello não é muito diferente das redes sociais atuais. Ela vem com um design bem minimalista e com poucos elementos na tela. É possível dividir as pessoas adicionadas em uma categoria mais próxima, de amigos, ou entre pessoas que você deseja acompanhar as publicações.
A rede não é a primeira a tentar antagonizar com Mark Zuckerberg e o Facebook. Um exemplo foi o Diaspora. A rede foi fundada por amigos em 2010 e captou 200 mil dólares no Kickstarter. Em 2012, a rede havia definhado, de acordo com o New York Times.
Outra, a Path, tinha como ponto divergente do Facebook outra questão: a quantidade de amigos. Nela haveria um limite de 150 contatos. Fundada em 2010, a rede passou por três rodadas de investimento e captou 57,5 milhões de dólares, mas até hoje não desencantou.