iPad mini Retnia: a Apple espera que os consumidores vejam seus produtos como uma combinação única de hardware, software e serviços, mais valiosa do que as alternativas baratas (REUTERS/Robert Galbraith)
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2013 às 12h54.
A Apple Inc. não parece preocupada com a concorrência do iPad.
Apesar de rivais como a Amazon.com Inc., a Samsung Electronics Co. e a Google Inc. terem apresentado tablets a preços menores, o presidente da Apple, Tim Cook, foi na direção oposta ontem. Ele apresentou um novo iPad mini com uma tela de alta definição por um preço mínimo de US$ 399, US$ 70 mais caro que o modelo do ano passado.
A Apple também apresentou um modelo mais leve e fino para seu tablet maior, renomeado iPad Air, pelo mesmo preço inicial, US$ 499.
Os novos iPads foram apresentados após a estreia do iPhone 5c no mês passado, a um preço superior ao esperado pelos analistas, destacando como a Apple é atraente para o setor mais exclusivo do mercado, de onde vem a maior parte dos lucros.
A companhia com sede em Cupertino, Califórnia, espera que os consumidores vejam seus produtos como uma combinação única de hardware, software e serviços, mais valiosa do que as alternativas de menor preço.
“Pode-se notar, pela decisão sobre os preços, que a Apple não tem muito medo da concorrência”, afirmou Benedict Evans, analista da Enders Analysis, que participou do evento da Apple no centro de São Francisco ontem. O principal executivo de marketing da Apple, Phil Schiller, declarou que a companhia observa uma bifurcação no mercado de tablets.
De um lado, a Apple está focada em oferecer dispositivos de alta qualidade enquanto o outro tem dispositivos de qualidade inferior e enfrenta mais pressão sobre os preços, explicou Schiller.
Mercado saturado
Os novos iPads da Apple, que serão enviados a partir do mês que vem, estrearão em um mercado saturado, onde companhias como a Samsung, a Asustek Computer Inc., a Google e a Amazon apresentaram tablets, normalmente a preços menores.
A concorrência aumenta a pressão sobre a Apple porque o iPad é sua segunda maior fonte de recursos depois do iPhone. O sucesso dos novos modelos é muito importante porque a companhia tenta reativar o crescimento da receita, que diminuiu.
A Samsung, a Asustek, o Lenovo Group Ltd., a Acer Inc. e outros estão oferecendo tablets a preços de até menos da metade do custo inicial do anterior modelo de iPad mini, de US$ 329. A Amazon.com apresentou novos Kindle Fire no mês passado, com telas de maior resolução a partir de US$ 299. A Microsoft Corp. e a Nokia Oyj também apresentaram modelos novos nesta semana.
Participação decrescente
Devido à concorrência, a participação da Apple no mercado de tablets caiu para 32 por cento no segundo trimestre, comparado com 60 por cento um ano atrás, segundo a IDC.
Além disso, mais de três anos depois de Steve Jobs ter apresentado o iPad, o crescimento do mercado global de tablets está mostrando sinais de desaquecimento. A previsão é de que os envios de tablets aumentem 28 por cento em 2014, para 301 milhões de unidades, após dobrar em 2012, segundo a Counterpoint Research.
Ontem Cook fez alusão à concorrência remarcando que “todos parecem estar fabricando tablets”.
Mas Cook afirmou que o iPad é usado quatro vezes mais do que todos os outros tablets juntos, em parte devido aos mais de 470 mil aplicativos específicos para tablets disponíveis na App Store. A Apple vendeu mais de 170 milhões de iPads, disse Cook. A companhia também apresentará o novo iPad Air na China simultaneamente com outros mercados.
“Independentemente do que vocês tiverem ouvido ou lido sobre tablets vendidos ou ativados, o iPad é mais usado do que os outros”, disse Cook.
“O foco da Apple nunca foi a fatia do mercado”, explica Carl Howe, analista do Yankee Group. “Eles se contentam com a parte lucrativa do mercado”.